WASHINGTON (Reuters) - Os consumidores norte-americanos reduziram os gastos no ritmo mais forte já registrado pelo segundo mês consecutivo em abril, ao mesmo tempo em que aumentaram a poupança a nível recorde, reforçando as expectativas de que a economia pode levar anos para se recuperar da pandemia de Covid-19.
O relatório do Departamento do Comércio nesta sexta-feira, juntamente com as notícias de que as exportações mensais entraram em colapso, levou economistas a esperarem a maior contração no Produto Interno Bruto no segundo trimestre desde a Grande Depressão da década de 1930. Os dados deste mês também foram desanimadores no mercado de trabalho, produção industrial e construção de novas moradias.
O Departamento do Comércio informou que os gastos do consumidor, que respondem por mais de dois terços da atividade econômica dos EUA, caíram 13,6% no mês passado. Esse foi o maior tombo desde o início da série histórica, em 1959, e apagou o recorde anterior de queda de 6,9% em março.
Economistas consultados pela Reuters previam que os gastos do consumidor despencariam 12,6% em abril.
Mas a crise do Covid-19 aumentou a renda dos consumidores em abril, pois o histórico pacote fiscal do governo no valor de quase 3 trilhões de dólares distribuiu cheques de 1.200 dólares a milhões de pessoas e aumentou o auxílio-desemprego para cerca de 31 milhões de desempregados, a fim de amortecer as dificuldades econômicas causadas pela pandemia.
A renda pessoal subiu a um recorde de 10,5% no mês passado, após cair 2,2% em março. A poupança aumentou para históricos 4 trilhões de dólares, com a taxa de poupança atingindo um recorde de 33%. Mas o fechamento de negócios pesou sobre os salários, que caíram 8,0% em abril, após recuarem 3,5% em março.
COLAPSO COMERCIAL
Em um segundo relatório nesta sexta-feira, o Departamento de Comércio informou que as exportações de mercadorias caíram 25,2%, para 95,4 bilhões de dólares em abril, uma mínima de 10 anos.
O amplo declínio nas exportações foi liderado por um colapso de 65,9% nos embarques de veículos e peças. Isso superou uma queda de 14,3% nas importações. Como resultado, o déficit comercial de mercadorias subiu 7,2%, para 69,7 bilhões de dólares no mês passado.
Com os gastos do consumidor recuando em abril, o índice de gastos com consumo pessoal (PCE, na sigla em inglês) excluindo os componentes voláteis de alimentos e energia caiu 0,4%. Essa foi a maior queda desde setembro de 2001 e seguiu uma leitura inalterada em março.
Nos 12 meses encerrados em abril, o chamado núcleo do índice de PCE subiu 1,0%, o menor ganho desde dezembro de 2010, após um aumento de 1,7% em março. O núcleo do índice PCE é a medida de inflação preferida do Federal Reserve, que tem uma meta de inflação de 2%.
(Reportagem de Lucia Mutikani)