Por Elias Glenn e Kevin Yao
PEQUIM (Reuters) - A economia da China cresceu um pouco mais do que o esperado no segundo trimestre uma vez que os gastos do governo e um boom imobiliário impulsionaram a atividade industrial, embora a queda no crescimento do investimento privado aponte para uma perda de ímpeto neste ano.
A segunda maior economia do mundo cresceu 6,7 por cento no segundo trimestre em relação ao mesmo período do ano passado, mantendo o ritmo do primeiro trimestre mas ainda na taxa mais lenta desde a crise financeira global, mostraram dados divulgados nesta sexta-feira.
Analistas esperavam que a alta do Produto Interno Bruto (PIB) desacelerasse para 6,6 por cento.
Embora os temores de um pouso forçado tenham diminuído, investidores temem que mais desaceleração na China e qualquer grande consequência decorrente da decisão britânica de deixar a União Europeia deixe o mundo mais vulneráveis ao risco de uma recessão global.
Mas sinais de crescimento mais estável na China pode esconder uma economia que cresce cada vez mais desigual, já que a expansão se torna ainda mais dependente dos gastos e dívida do governo.
Um setor privado fraco e sinais de fadiga nos mercados imobiliários apontam para a crescente possibilidade de que o governo possa precisar fornecer estímulos adicionais neste ano para atingir a meta de crescimento de 6,5 a 7 por cento.
Houve alguns pontos positivos nos dados desta sexta-feira, já que o consumo respondeu por uma maior fatia do crescimento e as vendas no varejo e a produção industrial superaram as expectativas.
O consumo respondeu por 73,4 por cento do crescimento econômico da China no primeiro semestre. A alta da produção industrial acelerou para 6,2 por cem junho sobre o ano anterior, contra expectativa de alta de 5,9 por cento e ganho de 6 por cento no mês anterior.
As vendas no varejo subiram 10,6 por cento em junho na comparação anual, ante expectativa de 10 por cento.
Mas em um sinal de que Pequim dobrou seus esforços de estímulo, o empréstimo bancário no primeiro semestre atingiu um recorde e os gastos do governo saltaram 20 por cento em junho.
Ao mesmo tempo, o aumento no investimento por empresas privadas caiu para um mínima recorde no primeiro semestre, uma vez que elas se retraem diante do cenário econômico e de exportações fracos.
Essa desaceleração alarmou investidores e autoridades, já que o setor privado responde por mais de 60 por cento do investimento total e por 80 por cento dos empregos da China.