Por Lucia Mutikani
WASHINGTON (Reuters) - Os gastos dos consumidores norte-americanos se recuperaram a um ritmo recorde em maio, mas os ganhos provavelmente não serão sustentáveis, visto que a renda está caindo e deve haver um declínio ainda maior à medida que milhões deixarem de receber os cheques de auxílio-desemprego a partir do próximo mês.
O Departamento de Comércio informou nesta sexta-feira que os gastos do consumidor, que representam mais de dois terços da atividade econômica dos Estados Unidos, aumentaram 8,2% no mês passado. Esse foi o maior salto desde que o governo começou a acompanhar a série, em 1959.
Os gastos do consumidor caíram a um recorde de 12,6% em abril.
Economistas consultados pela Reuters previam que os gastos dos consumidores aumentariam 9,0% em maio. O aumento nos gastos no mês passado refletiu a reabertura de muitas empresas após um bloqueio iniciado em meados de março para controlar a expansão do Covid-19.
Os consumidores intensificaram as compras de veículos e bens de lazer. Eles também aumentaram os gastos com saúde, restaurantes e hotéis.
Mas a renda pessoal caiu 4,2%, maior queda desde janeiro de 2013, depois de saltar um recorde de 10,8% em abril, quando o governo entregou cheques de 1.200 dólares a milhões de pessoas e aumentou os benefícios de auxílio-desemprego para amortecer as dificuldades causadas pelo Covid-19.
Os pagamentos fazem parte de um pacote fiscal histórico no valor de quase 3 trilhões de dólares. A queda na renda no mês passado refletiu uma redução nos pagamentos do governo relacionados à pandemia.
O governo norte-americano deixará de pagar 600 dólares adicionais por semana em auxílio-desemprego a partir de 31 de julho.
Os gastos do consumidor em maio foram financiados pelas poupanças, reduzindo a taxa de poupança para 23,2%, ainda alta, ante nível de 32,2% em abril.
(Reportagem de Lucia Mutikani)