BRASÍLIA (Reuters) - A Secretaria de Política Econômica (SPE) do Ministério da Fazenda elevou sua projeção para o crescimento econômico do Brasil em 2024 a 3,2%, ante estimativa anterior de 2,5%, prevendo também um nível mais alto de inflação à frente, mostrou boletim divulgado nesta sexta-feira.
Apesar de prever um Produto Interno Bruto (PIB) mais forte neste ano, a pasta piorou a expectativa para o crescimento da economia em 2025, de 2,6% para 2,5%.
A secretaria informou que o resultado observado no PIB do segundo trimestre deste ano foi superior ao esperado, elevando o carregamento estatístico para o crescimento de 2024.
Na avaliação da pasta, haverá desaceleração moderada no ritmo de atividade no terceiro trimestre deste ano, se comparado com o desempenho do segundo trimestre. A secretaria espera que o período registre um recuo de 0,5% na atividade do setor agropecuário e elevações de 1,2% na indústria e 0,7% em serviços.
A revisão para baixo no PIB de 2025, segundo o boletim, reflete "a perspectiva de início de novo ciclo de alta nos juros pelo Banco Central".
A diretoria do BC se reúne na próxima semana após incluir em seu cenário uma possível elevação na taxa básica de juros se necessário para levar a inflação à meta de 3%.
INFLAÇÃO MAIS ALTA
O documento apontou uma deterioração na visão do governo para a inflação, com a projeção para o IPCA indo a 4,25% em 2024, ante previsão de 3,9% feita em julho, enquanto o índice para 2025 foi ajustado de 3,3% para 3,4%.
Para a SPE, a desaceleração nos preços acumulados em 12 meses era esperada para ocorrer a partir de agosto, mas deve ser observada a partir de outubro após a adoção da bandeira vermelha 1 nas tarifas de energia a partir deste mês.
“Até o final do ano, deverá haver recuo na inflação de (preços) monitorados, contrabalanceado parcialmente pelo avanço na inflação de (preços) livres. Essa estimativa já leva em consideração os impactos do câmbio mais depreciado nos preços”, disse a SPE.
As projeções da SPE balizam a programação de receitas e despesas orçamentárias do governo.
O novo relatório bimestral de avaliação fiscal, a ser divulgado na próxima sexta-feira, pode indicar um cenário mais benigno para a arrecadação diante da previsão melhor para a atividade. Ainda assim, frustrações de receitas, como no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf), podem levar o governo a apresentar medidas adicionais para fechar as contas do ano.
Do lado das despesas, a equipe econômica antevê uma possível necessidade de bloqueio adicional de verbas para respeitar o limite de gastos do arcabouço fiscal, diante de pressões registradas em despesas obrigatórias, como as previdenciárias.
(Por Bernardo Caram)