BRASÍLIA (Reuters) - O Ministério da Economia atualizou nesta sexta-feira sua estimativa para o déficit primário do governo central (Tesouro, Banco Central e Previdência) a 540,534 bilhões de reais em 2020, rombo recorde para o país, em meio aos impactos do coronavírus na economia.
Por conta do estado de calamidade pública, o governo não precisará cumprir neste ano a meta de déficit primário, de 124,1 bilhões de reais.
Na divulgação do seu relatório de receitas e despesas referente ao segundo bimestre, o governo elevou as despesas primárias calculadas para o ano em 267,663 bilhões de reais, a 1,753 trilhão de reais.
Agora, a conta é de 220,893 bilhões de reais em créditos extraordinários para 2020, ante apenas 7,672 bilhões de reais no relatório do primeiro bimestre.
A equipe do ministro Paulo Guedes também elevou em 34,860 bilhões de reais a conta de subsídios, subvenções e Proagro em 2020, a 49,207 bilhões de reais, fundamentalmente pela transferência de 34 bilhões de reais do Tesouro para o programa de financiamento à folha de pagamento das empresas.
Para a receita líquida, a conta foi diminuída em 111,247 bilhões de reais, a 1,213 trilhão de reais no ano.
Segundo o ministério, a redução nas expectativas de crescimento para a economia representou uma perda de mais de 63 bilhões de reais para a receita. Também pesaram nessa conta o menor recolhimento de tributos, por conta do aumento de compensações tributárias e por desonerações associadas a políticas implementadas para o enfrentamento à pandemia de coronavírus.
Os cálculos levaram em conta uma contração do Produto Interno Bruto (PIB) de 4,7% este ano, que já havia sido divulgada mais cedo neste mês pela Secretaria de Política Econômica.
No relatório do primeiro bimestre, o cálculo ainda era de um déficit primário de 161,624 bilhões de reais para o governo central este ano, com crescimento do PIB de 2,1%.
Em 1º de maio, contudo, a equipe econômica divulgou uma estimativa de déficit primário pior, de 566,6 bilhões de reais para o governo central, embora tenha considerado uma queda menos drástica do PIB, de 3,34%, que era então calculada por economistas na pesquisa Focus.
(Por Marcela Ayres)