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Guillen: Último Copom foi último Copom, não há intenção de adiantar próximo

Publicado 13.08.2024, 19:31
© Jessica Bahia Melo  Guillen: Último Copom foi último Copom, não há intenção de adiantar próximo

O diretor de Política Econômica do Banco Central (BC), Diogo Guillen, disse há pouco não há intenção de se antecipar a discussão da próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom). Ele falou durante a palestra "Perspectivas Econômicas", proferida no evento Prêmios Broadcast: Analistas, Empresas, Projeções, realizado nesta noite em São Paulo, pelo Broadcast.

"A visão é de que o último Copom foi sobre o último copom, ele não foi uma antecipação do próximo Copom, a gente vai utilizar o período para ir observando, avaliando, qual é a melhor estratégia e não é para se comprometer", disse Guillen, reforçando que, de um lado, há a estratégia de manutenção da taxa de juros por um tempo suficientemente longo, e de outro, de que o colegiado não hesitará em elevar a taxa de juros para assegurar a convergência da inflação à meta.

Ele reiterou o compromisso do BC com o comprimento da meta de inflação e com a manutenção do estado vigilante da autarquia.

"Acho que todo mundo gosta das palavras mágicas. Que todo mundo chama a atenção, acho que me parece, lendo as notícias, que as palavras que mais chamaram a atenção foram cautela, vigilância e acompanha muito dirigente. E do meu lado, pensando sobre o último Copom, eu acho que tem duas palavras a mais que são importantes. A primeira é a coesão entre todos os membros do Copom, que eu acho que foi muito grande nessa última reunião. E o segundo, o compromisso com o atingimento da meta", disse o diretor, repetindo a afirmação dada ontem pelo diretor de Política Monetária, Gabriel Galípolo, de que a alta de juros é considerada pelo Copom.

Custo desinflacionário

Guillen reforçou a importância de se reancorar as expectativas de inflação para reduzir o custo desinflacionário. Ele reforçou que o Comitê de Política Monetária (Copom) vê um arrefecimento do processo de desinflação no País.

"As expectativas desancoradas aumentam muito o custo e, para trazer a inflação para meta tem um impacto sobre a atividade muito maior. Então, é nosso papel, é uma parte da nossa missão, reancorar expectativas, mas salvaguardando a credibilidade", disse.

O diretor falou durante palestra "Perspectivas Econômicas" preferida durante o evento Prêmios Broadcast: Analistas, Empresas, Projeções, realizado nesta noite em São Paulo, pelo Broadcast. Outro tema que ele pontuou estar sendo tratado pelo BC desde agosto de 2022, é a questão da inflação de serviços. De acordo com ele, esse indicador é "um bom termômetro" dos demais determinantes da inflação geral.

O diretor repetiu o que o BC vem trazendo em seus comunicados oficiais, citando que o processo de desinflação arrefeceu e que os dados de inflação corrente estão vindo acima do imaginado. "A gente precisa continuar esse processo desinflacionário. O cenário prospectivo se torna mais desafiador, com o aumento das projeções de médio prazo mesmo em uma trajetória de taxa de juros mais elevada. Mas é um ponto importante, você olhar as projeções subindo", disse, acrescentando que a percepção é a de que uma curva de juros mais alta não foi suficiente para trazer as expectativas de inflação ou as projeções para baixo. Daí, de acordo com ele, a necessidade de uma avaliação ainda mais cautelosa e de acompanhamento dos cenários.

Política fiscal

O diretor de Política Econômica do BC disse que um dos pontos que o Comitê de Política Monetária tem monitorado com atenção é o desenvolvimento recente da política fiscal, que impacta na condução da política monetária e nos ativos financeiros.

Guillen também comentou que o desenvolvimento da renda tem sido um tema de muito debate nos dois ou três últimos ciclos e suas relações com o consumo. Ele citou que o nível de ocupação vem surpreendendo, assim como os ganhos reais de salários, o que vem sendo verificado nos últimos oito ou nove meses.

Juros futuros

Guillen afirmou que o ciclo de crédito segue benigno e "bem saudável", e que o mesmo vale para o comportamento das taxas de juros, que estavam seguindo a flexibilização da política monetária pelo Copom.

Apesar disso, segundo ele, foi levantado no comunicado da decisão sobre o juro passada um ponto prospectivo, de que a recente elevação nas taxas mais longas pode levar a um menor dinamismo no mercado de crédito.

"A gente vê a curva de juros futuros subindo, isso vai ter impacto sobre os juros na ponta", previu ele.

O diretor acrescentou que o movimento tende a acontecer de forma rápida e que é preciso acompanhar o que acontecerá com os juros na ponta. Durante o evento, Guillen comentou também que avalia que as captações do mercado de capitais seguem fortes e amplas.

O diretor de Política Econômica do BC comentou que o balanço de riscos explicitado na ata do Comitê de Política Monetária (Copom) foi tema de muito debate entre os integrantes do colegiado. De acordo com o documento, há hoje três riscos de alta da inflação contra apenas dois riscos de baixa.

"Chamamos a atenção de que todos os membros concordaram que tem mais riscos para alto do que para baixo", disse.

Firmus

Guillen disse que os resultados da pesquisa Firmus do BC, que busca captar a percepção de empresas não-financeiras sobre os seus negócios e a economia brasileira, são semelhantes ao que se via em vários países.

De acordo com ele, tem um trabalho a ser feito e que o BC tem ambições de olhar setores, olhar tamanho de empresa, começar a fazer um monte de quebras para discutir essas expectativas.

"Esse é o caminho, esse aqui é só um início de discussão de expectativas de empresas. E ainda há um outro lado que são as expectativas dos professional forecasts. Que é o questionário pré-Copom e o Focus", disse o diretor .

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