O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, voltou a afirmar nesta quinta-feira, 9, que só comentará a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom), de cortar em 0,25 ponto porcentual a taxa Selic, para 10,50%, após ler a ata na próxima terça-feira.
"Vejo com naturalidade o debate técnico em torno dessa questão, é o andamento normal das coisas", disse Haddad, um dia depois de a decisão do Copom trazer divisão nos votos dos componentes do comitê do BC.
Mais cedo, o ministro da Fazenda havia afirmado que o comunicado do Copom estava "muito sintético".
Questionado, também mais cedo, sobre a percepção do mercado de a divisão significar mais leniência com a inflação por parte da diretoria indicada pela atual gestão de Luiz Inácio Lula da Silva, o ministro falou sobre a sinalização do Copom para as próximas reuniões, algo que não constou neste comunicado, pela primeira vez desde agosto do ano passado. "Acho que o guidance era uma coisa muito importante de se observar", disse.
Na reunião de março, o colegiado do Copom tinha indicado que manteria o ritmo de corte de 0,50 ponto porcentual da Selic para este encontro. Nas últimas semanas, no entanto, o presidente do BC, Roberto Campos Neto, já vinha dando indicações de que poderia adotar uma postura mais hawkish (dura), levando em conta a postergação do início da flexibilização da política monetária dos Estados Unidos.
O cenário doméstico, incluindo a mudança na meta fiscal, inspirava preocupação, mas a situação das chuvas no Rio Grande do Sul adicionou incertezas ao processo.
O resultado do Copom foi dividido. Os cinco diretores, incluindo o presidente, que já estavam no BC antes de Lula assumir a presidência, votaram pelo corte de 0,25 porcentual. Já os quatro nomes indicados pelo atual governo optaram por redução de 0,50 ponto porcentual.