Montevidéu, 12 jul (EFE).- Os países do Mercosul concordaram nesta sexta-feira em pedir consultas aos seus embaixadores na Espanha, França, Itália e Portugal para que se informem sobre a decisão que forçou a aterrissagem do avião do presidente boliviano, Evo Morales, em Viena no dia 2 de julho e que o obrigou a permanecer no aeroporto da cidade austríaca por mais de 13 horas.
A decisão foi tomada pelos presidentes da Argentina, Cristina Kirchner; Brasil, Dilma Rousseff; Venezuela, Nicolás Maduro; e Uruguai, José Mujica, além de Morales, cujo país se encontra em processo de associação, durante a cúpula presidencial do Mercosul em Montevidéu.
Em uma resolução que foi anunciada pelo chanceler uruguaio, Luis Almagro, os países do bloco expressaram seu firme repúdio às "ações dos governos de França, Portugal, Espanha e Itália", por não permitirem o sobrevoo e a aterrissagem de Morales, uma atitude "infundada, discriminatória, e arbitrária" que, além disso, representa "uma flagrante violação dos preceitos do direito internacional".
"A gravidade da situação, própria de uma prática neocolonial, constitui um ato insólito, não amistoso e hostil, que viola os direitos humanos e afeta a liberdade de trânsito, o deslocamento e a imunidade de um chefe de Estado", assinalou.
No último dia 2 de julho, o presidente Morales foi obrigado a aterrissar em Viena e permanecer ali durante 13 horas em seu retorno de uma viagem oficial à Rússia depois que, segundo denunciou, esses países europeus o impediram de entrar em seus espaços aéreos devido às suspeitas de que o ex-técnico da CIA Edward Snowden estava a bordo do avião presidencial.
Os governos europeus disseram que a situação foi um "mal-entendido" para tentarem explicar suas atitudes.
O Mercosul decidiu respaldar a denúncia apresentada pela Bolívia ao Escritório do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos pela "grave violação" dos direitos fundamentais do presidente Morales, e concordaram em se reunir pessoalmente com os embaixadores dos países implicados para colocá-los a par dessa decisão.
Além disso, também foi decidido que os embaixadores do Mercosul nesses países se informem pessoalmente sobre os fatos.
Também será apresentada uma nota formal de repúdio exigindo explicações e "as correspondentes desculpas" pelo ocorrido com Morales.
O Paraguai, suspenso do Mercosul até o dia 15 de agosto, não teve nenhum representante na reunião. EFE
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