O estrago da piora da pandemia sobre a atividade econômica começou a aparecer de forma mais clara nos indicadores de confiança do consumidor e de empresários, divulgados pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) nos últimos dias. Os índices de confiança dos comerciantes e dos consumidores atingiram em março o menor nível desde maio do ano passado.
Com um tombo de 18,5 pontos ante fevereiro, o Índice de Confiança do Comércio (Icom) foi a 72,5 pontos, informou ontem a FGV. Um dia antes, na terça-feira, a entidade informou que o Índice de Confiança do Consumidor (ICC) recuou 9,8 pontos em março, a 68,2 pontos. Menos afetada pelas restrições, a confiança da indústria poderá cair menos: a prévia do Índice de Confiança da Indústria (ICI) de março teve um recuo de 4,0 pontos em relação ao resultado fechado de fevereiro, para 103,9 pontos. Se confirmado, será o menor nível desde agosto de 2020.
Recuar a níveis quase tão baixos quanto o de maio de 2020 significa se aproximar do fundo do poço da crise causada pela pandemia. Naquele mês, a crise estava no auge, com empresas e trabalhadores ainda lidando com o fechamento repentino das atividades econômicas, menos de dois meses após a chegada da covid-19 ao País.
Agora, um ano após as primeiras mortes em decorrência da doença, o Brasil está registrando os piores números da pandemia. Com um aperto nas medidas de restrição ao contato social - que têm impacto direto no comércio - batendo à porta, o humor dos empresários teve neste mês um ponto de virada, disse Rodolpho Tobler, economista do Instituto Brasileiro de Economia da FGV (Ibre/FGV).
No caso do Icom, o pesquisador lembrou que, após uma forte recuperação no terceiro trimestre, na esteira da retomada da economia, a confiança dos comerciantes já havia começado a ratear no fim do ano passado. Em janeiro, começou 2021 com queda, vinha num ritmo lento, era uma "pioradinha". "Agora em março foi uma percepção muito negativa."
Em março, a confiança caiu em todos os seis principais segmentos do comércio e foi puxada pela piora das expectativas. O Índice de Situação Atual tombou 10,6 pontos, para 75,9 pontos, enquanto o Índice de Expectativas desabou 25,7 pontos para 70,2 pontos. Os dois subíndices registraram em março os menores níveis desde maio.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.