SÃO PAULO (Reuters) - A indústria brasileira marcou em dezembro seu 11º mês seguido de contração, com queda no volume de produção e de novos pedidos, mostrou o Índice de Gerentes de Compras (PMI, na sigla em inglês) nesta segunda-feira.
O Markit informou que o PMI da indústria nacional ficou em 45,6 em dezembro, ante 43,8 em novembro, quando atingiu a pior marca em cerca de seis anos e meio. Apesar da ligeira melhora, o índice ficou abaixo da marca de 50 que separa retração de crescimento em todos os meses de 2015, exceto em janeiro, quando a leitura foi de 50,7.
"O setor industrial brasileiro encerrou 2015 de uma forma conhecida, com fortes quedas na produção, novos pedidos e emprego. O único dado positivo na pesquisa de dezembro foi uma recuperação nas encomendas por exportações, apesar do crescimento apenas marginal", disse, em nota, a economista do Markit Pollyanna De Lima.
O índice de produção mostrou queda em dezembro, também pelo 11º mês consecutivo, refletindo a diminuição no volume de novos pedidos. O Markit destacou que a queda na produção foi verificada nos três grupos monitorados: bens de consumo, bens intermediários e bens de investimento.
O volume de novos pedidos recuou pelo 11º mês seguido, apesar de a taxa de retração ser a menor desde setembro, com o fraco cenário econômico e a queda no poder de compra dos consumidores. A queda na quantidade de novos negócios aconteceu nos três subsetores pesquisados.
"Parece que a economia ainda está para atingir o fundo do poço, com o PMI ficando em média em 44,5 no trimestre final do ano (contra 46,7 no 3º trimestre)", afirmou Pollyanna.
"Com o país bombardeado por más notícias, indo de depreciação cambial, corte de ratings, tensões fiscais, inflação em forte alta, prisões após investigações envolvendo a Petrobras (SA:PETR4) e crescente déficit orçamentário, há pouco que indique qualquer melhora nas condições econômicas no futuro próximo, e 2016 parecer ser mais um ano de grandes desafios", acrescentou ela.
A retração da economia brasileira e a queda no poder aquisitivo levaram à diminuição da demanda doméstica em dezembro, informou o Markit. Por outro lado, o volume de pedidos vindos do exterior aumentou, com a valorização do dólar em relação ao real ajudando as empresas a buscarem novas oportunidades de negócios no exterior, apesar de o ritmo de expansão ter sido "marginal apenas".
O nível de emprego na indústria caiu pelo 10º mês seguido, em meio à fraca demanda e às tentativas de reduzir custos, mostrou o PMI.
Com o dólar mais forte encarecendo importados, os preços médios de compra de insumos voltaram a aumentar em novembro e parte desses custos foi repassado aos clientes.
Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE) mostraram que a produção industrial no país iniciou o último trimestre do ano em baixa, com queda de 0,7 por cento em outubro em relação a setembro, sendo a quinta leitura mensal negativa mais acentuada desde 2011.
Pesquisa Focus do Banco Central, que ouve semanalmente uma centena de economistas, mostra que a mediana das projeções indica contração do Produto Interno Bruto (PIB) de 3,71 e 2,95 por cento em 2015 e 2016, respectivamente, enquanto a produção industrial deve encolher 7,80 e 3,50 por cento no período.
(Por Flavia Bohone)