Por Camila Moreira
SÃO PAULO (Reuters) - As condições da indústria do Brasil pioraram em agosto e o ritmo de contração do setor atingiu o pior nível em quatro anos diante de forte queda na entrada de novos pedidos, provocando nova redução no nível de empregos, de acordo com o Índice de Gerentes de Compras (PMI, na sigla em inglês) divulgado nesta terça-feira.
Segundo o Markit, o PMI da indústria caiu para 45,8 em agosto ante 47,2 em julho, menor patamar desde setembro de 2011 e permanecendo abaixo da marca de 50 que separa crescimento de contração pelo sétimo mês consecutivo.
O resultado de agosto é consequência de recuos nos níveis de produção e novos pedidos pelo sétimo mês seguido em ambos os casos. Segundo o Markit, os entrevistados citaram demanda fraca diante da fragilidade econômica para o recuo mais forte em quase quatro anos do nível de novos pedidos.
O volume de novos pedidos do exterior também caiu em agosto, com as empresas citando pressões competitivas e desaceleração generalizada da demanda global.
Já a inflação dos custos dos insumos, apontou o Markit, atingiu recorde de alta de 22 meses em agosto, sendo que parte dessa carga foi repassada aos clientes.
"Ecoando condições fracas de demanda, os produtores brasileiros continuam a absorver aumentos de custos. A maior parte da alta nos preços de compra foi associada à moeda mais fraca", avaliou a economista do Markit Pollyanna De Lima.
"O país tem sofrido com grandes saídas de capital, refletindo uma combinação tóxica de deterioração da confiança do investidor, preços mais baixos de commodities e expectativas de alta de juros nos Estados Unidos", completou.
Esse cenário levou os fabricantes brasileiros a cortarem vagas de trabalho em agosto pelo ritmo mais forte em mais de seis anos, com redução no nível de emprego em todas as categorias monitoradas, destacadamente a de bens intermediários.
A indústria vem pesando com força sobre a economia do país este ano, tendo encolhido 4,3 por cento no segundo trimestre contra o período anterior, pior momento desde o primeiro trimestre de 2009.
Com isso a economia brasileira encolheu 1,9 por cento sobre os três meses anteriores e caiu 2,6 por cento na comparação anual, entrando em recessão técnica oficialmente.
Economistas projetam recuo de 5,57 por cento da produção industrial este ano, com o Produto Interno Bruto (PIB) fechando o ano com contração de 2,26 por cento, segundo a pesquisa Focus do Banco Central.