Investing.com – Os investidores estão atentos à divulgação da inflação americana, que pode trazer mais pistas sobre os próximos passos da política monetária do Federal Reserve. A expectativa consensual é de que o Índice de Preços ao Consumidor (IPC) tenha subido 0,3% em setembro, levando o indicador anual para 3,6%. Em agosto, a variação foi de 0,6%, com dado em doze meses de 3,7%. Para o núcleo, o consenso espera elevação mensal em setembro da mesma magnitude, em 0,3%, igual ao mês de agosto, o que faria o núcleo anual passar dos atuais 4,3% para 4,1%.
Eduardo Moutinho, analista de mercado da Ebury, lembra que o mercado de trabalho americano continua resiliente, com o principal relatório de empregos, o payroll, registrando quase o dobro das vagas esperadas. “As expectativas são de números relativamente moderados, o que confirmaria a tendência de queda suave nos preços que o Banco Central americano deseja ver”.
Guilherme Sahadi, CEO da BullSide Capital, avalia que a atenção para a inflação está relacionada a preços de energia, com a valorização das cotações do petróleo. “É um componente muito, muito forte do dado inflacionário, que com a desaceleração anterior, a gente achava que ia ajudar, atirar um pouco da pressão”. Seguros, como de saúde e para residências, também causam preocupação.
Por outro lado, a desaceleração em alimentos vem sendo ponto positivo citado pelo especialista da BullSide. A esperança dos analistas, segundo ele, é de que o item venha abaixo do previsto e diminua a pressão do Federal Reserve em elevar as taxas de juros, conforme precificado pelo mercado.
Gustavo Cruz, estrategista chefe da RB Investimentos, acredita que o mercado de trabalho americano vai continuar bem aquecido de agora em diante. “Não parece que a gente vai ver uma alta na taxa de desemprego nos próximos meses nem nos próximos trimestres. Temos que continuar acompanhando o crescimento dos salários, porque no pré-pandemia, a gente também tinha uma taxa de desemprego muito baixa, porém sem grandes aumentos de salário. Então não tinha pressão vindo no mercado de trabalho tanto assim para a inflação local”, compara.
Outro ponto importante para a inflação está relacionado aos dados de moradia nos Estados Unidos, em sua visão. “Se a gente pega a série histórica do IPC americano desde a década de 70 até agora, a gente está tendo um ano de maior inflação de moradias de todos os tempos. Então a gente tem que trabalhar acreditando que esses indicadores vão recuar, os que estão no componente de moradia”.
Além disso, em relação ao retorno de pagamentos de financiamentos estudantis, Cruz detalha que haveria um momento de final de extra de poupança. “Então na pandemia a gente teve a suspensão dos pagamentos. A gente teve muitos estímulos fiscais do governo, ou seja, diversos recursos foram passados para a população ou a população deixou de pagar. Isso permitiu com que eles gastassem mais durante mais tempo, ou seja, a demanda aquecida por muito tempo”, lembra, ao avaliar que a tendência é de normalização no ano que vem.