Montevidéu, 4 abr (EFE).- O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva pediu à Europa nesta quinta-feira "políticos responsáveis" para resolver a crise, e disse não entender o poder que a Alemanha tem na União Europeia e o temor que a situação do Chipre gerou no Velho Continente apesar do seu diminuto tamanho.
"Ninguém imaginava que a Alemanha seria a 'presidente' da União Europeia e do Banco Central Europeu, nem que um país como o Chipre, com cinco milhões de habitantes, causaria medo na Europa", assinalou Lula em Montevidéu.
"Estão faltado na Europa políticos responsáveis que tomem as decisões adequadas", acrescentou, durante um discurso em um fórum político na capital uruguaia.
O debate, realizado na sede do Mercosul e intitulado "Transformações em risco? Perspectivas e tensões do progressismo na América Latina", foi organizado pela Fundação Friedrich Ebert Stiftung e também contou com a participação do presidente do Uruguai, José Mujica.
Segundo Lula, é necessário erigir "uma governança global com representatividade de todos os continentes e com novos organismos multilaterais", porque a Organização das Nações Unidas (ONU) "hoje não representa nada".
Outro dos alvos das críticas do político brasileiro foi o Fundo Monetário Internacional (FMI), chamado por Lula de "fracassado" por conta, entre outros motivos, das receitas errôneas no caso de alguns países sul-americanos como a Bolívia e de sua incapacidade em resolver a crise europeia.
Para Lula, o êxito dos Governos progressistas que chegaram ao poder na maioria dos países latino-americanos na última década foi "acabar com a ideia de que o Estado não valia nada e que o mercado resolveria os problemas da educação".
Com relação ao futuro da região, Lula assinalou que "não há nada que vá fazer a América Latina retroceder o que avançou", mas tudo passa por "não permitir que haja um retorno dos setores conservadores". EFE
rac/pa