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Imagem do combate a gripe isolou México e complicou economia

Publicado 09.04.2010, 09:02
Atualizado 09.04.2010, 09:49

Gerardo Tena.

México, 9 abr (EFE).- Com a imagem mostrada ao mundo pelas medidas que aplicou, há quase um ano, para se proteger da nova gripe (H1N1), o México enfrentou sérios problemas econômicos e, durante algum tempo isolado, despertou a rejeição de muitos países.

Depois de 23 de abril de 2009, quando alertou sua população da presença de um vírus contagioso e cujo real potencial era desconhecido até então, o país foi se povoando pouco a pouco de pessoas com os rostos cobertos por máscaras e que buscavam evitar o contato físico.

As aulas foram canceladas em vários estados do país e, na capital, ficaram suspensos os serviços em restaurantes e as grandes concentrações, como jogos de futebol e missas em templos religiosos.

As reações no mundo não demoraram e vários países cancelaram os voos para o México. Algumas causaram atritos diplomáticos e até reclamações do presidente mexicano, Felipe Calderón, que se queixou por o Haiti ter rejeitado um navio com ajuda humanitária.

O primeiro setor a sofrer um duro golpe foi o porcino. A pequena localidade de La Gloria, no estado de Veracruz e próxima a criadouros de porcos, foi apontada como o epicentro de uma doença inicialmente chamada de gripe suína.

Menos de um mês depois do surto, a indústria reportou perdas de US$ 75 milhões devido a uma queda na venda de carne de porco. Embora as autoridades de saúde no mundo todo tenham esclarecido que o vírus não era transmitido pela ingestão da carne, o problema já estava criado e o setor foi seriamente prejudicado.

O turismo, terceira maior fonte de receita para o México, refletiu também imediatamente os efeitos da gripe. Em maio do ano passado, teve uma contração de 49% na captação de divisas devido à epidemia.

No entanto, as autoridades consideraram que o setor pôde se recuperar no final do ano e que a contração em todo 2009 foi de 4,5% em relação ao que foi captado em moeda estrangeira em 2008.

Analistas calcularam inicialmente que a gripe provocaria uma queda de 0,5 ou até 1 ponto percentual do Produto Interno Bruto (PIB) em 2009, ano em que o México caiu em recessão empurrado pela crise econômica mundial.

Em agosto de 2009, o então ministro da Fazenda, Agustín Carstens, assegurou que na queda de 10,3% do PIB no segundo trimestre de 2009 a gripe teve muita participação.

"Sem essa epidemia teríamos tido definitivamente crescimento no segundo trimestre", disse Carstens.

A economia mexicana recuou em 2009 6,5%, o que, segundo o ministro da Saúde, José Ángel Córdova Villalobos, teve pouco a ver com a gripe.

Em entrevista à Agência Efe, o ministro da Saúde disse que "o dano econômico foi realmente limitado porque tudo se resolveu muito rápido", além de a atividade econômica produtiva não ter sido suspensa.

No entanto, o México solicitou perante a Organização Mundial da Saúde (OMS) um fundo para ressarcir os danos econômicos causados pela epidemia, já que as autoridades mexicanas foram as primeiras a informar sobre o vírus.

"Não houve nenhuma resposta e acho que não vai haver mais", disse o ministro. Segundo ele, o fundo seria um atrativo para os países informarem a tempo sobre um surto, já que "o primeiro que informa é o que tem mais repercussões negativas".

O ministro diz que o México não foi o berço do vírus e suspeita que tenha chegado dos Estados Unidos.

Villalobos reconhece que, ao dar a informação sobre um novo vírus, foram geradas várias reações pois há ameaça latente sobre o H5N1, que tem uma capacidade letal de 60%.

"Foram horas intensas, críticas e difíceis por toda a incerteza que estávamos vivendo porque não sabíamos o que aconteceria", confessa.

Ele destaca que os cenários sobre os quais trabalharam para conter o vírus, que naquele momento tinha sua capacidade ainda desconhecida, eram para enfrentar a gripe, "que podia ter dois milhões de infectados em três meses com um milhão de mortos".

Até o momento, o México informou de 1.032 mortos e 72.233 casos confirmados da gripe, e considera que a doença está controlada. O Governo diz ter aplicado 60% das 30 milhões de vacinas a que teve acesso. EFE

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