Por Isabel Versiani
(Reuters) - O dado do IPCA de março divulgado nesta sexta-feira corrobora a perspectiva de nova alta de 0,75 ponto percentual na taxa Selic em maio, disse o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto.
Ele reiterou que a avaliação da autoridade monetária é que a maior parte dos componentes por trás da inflação atualmente é de efeito temporário.
"O que temos dito é que, a não ser que algo muito diferente aconteça, achamos que estamos, e o número (do IPCA) de hoje corrobora isso, estamos mirando novo (aumento de) 75 pontos base", disse Campos Neto durante evento da XP Investimentos.
O BC elevou a taxa de juros em 0,75 ponto percentual em março, para 2,75%, e sinalizou em ata que deve fazer novo aperto da mesma magnitude em maio, salvo uma "mudança significativa" nas projeções de inflação ou no balanço de riscos.
"Hoje, com as variáveis que temos, estamos dizendo que, a não ser que algo muito extraordinários aconteça, podemos nos ater ao que foi decidido e foi comunicado", disse Campos Neto, indicando que não houve mudança na avaliação desde a reunião do Comitê de Política Monetária.
"Se algo acontecer de uma forma muito diferente, a maneira que gostaríamos de fazer é comunicar o mercado que estamos vendo algo diferente, o que não está acontecendo hoje", reforçou.
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) registrou alta de 0,93% em março, maior aumento para um mês de março desde 2015 (+1,32%), mostrou o IBGE nesta sexta-feira.
Ecoando comentários feitos na quinta-feira pelo diretor de Política Econômica, Fabio Kanczuk, Campos Neto disse, ainda, que o cenário básico do BC contempla que a normalização total da política monetária --ou seja, a taxa Selic chegando ao patamar considerado neutro-- só deve acontecer em 2022.
VACINAÇÃO
O presidente do BC voltou a manifestar otimismo com o ritmo de reabertura da economia no país no segundo semestre com a expectativa de aceleração da vacinação contra a Covid-19.
Campos Neto disse que, com base na programação do Ministério da Saúde, o BC prevê que a vacinação ganhará velocidade em abril e acelerará ainda mais a partir de junho.
"O Brasil não é um campeão em vacinação, mas está indo relativamente bem quando você olha para outros países", afirmou.