Por Camila Moreira
SÃO PAULO (Reuters) - Os preços da gasolina voltaram a subir após quatro meses de queda e a prévia da inflação brasileira acelerou com força em julho, em meio ao alívio de medidas de isolamento social adotadas por causa do coronavírus.
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15) passou a subir em julho 0,30% após variação positiva de 0,02% em junho, de acordo com os dados divulgados nesta sexta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Em 12 meses até julho, o IPCA-15 passou a acumular alta de 2,13%, acima da taxa de 1,92% no mês anterior mas ainda abaixo do piso da meta de inflação para este ano -- 4%, com margem de 1,5 ponto percentual para mais ou menos, medida pelo IPCA.
As expectativas em pesquisa da Reuters eram de alta de 0,51% na variação mensal, acumulando em 12 meses ganho de 2,36%.
As medidas de contenção devido ao coronavírus afetaram de maneiras diferentes o consumidor, impulsionando os preços de alimentação em casa mas reduzindo o consumo diante das perdas de emprego e renda.
Em julho, o destaque ficou para o grupo Transportes, que passou a subir 1,11% no mês depois de queda de 0,71% em junho. Isso devido principalmente ao aumento de 4,40% nos preços dos combustíveis.
Somente a gasolina, após quatro meses consecutivos de quedas, subiu 4,47% em julho. Etanol (4,92%), óleo diesel (2,50%) e gás veicular (0,01%) também contribuíram para o resultado.
Os preços do metrô, com alta de 2,0%, também impactaram os custos de transportes, em meio principalmente a reajuste de 8,70% nas passagens do Rio de Janeiro em 11 de junho.
Por outro lado, o transporte por aplicativo (-11,98%) e as passagens aéreas (-4,16%) ficaram mais baratos.
A alta de 0,50% de Habitação, por sua vez, foi influenciada principalmente pelo avanço de 1,03% nas tarifas de energia elétrica.
Em julho, quatro grupos apresentaram deflação: Vestuário (-0,91%), Alimentação e bebidas (-0,13%) -- isso após quatro meses consecutivos de altas--, Despesas pessoais (-0,23%) e Educação (-0,07%).
De acordo com o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, será necessário entender o impacto do crescimento na inflação para avaliar se ainda há espaço para corte residual nos juros básico
O BC cortou a taxa básica de juros Selic em 0,75 ponto, à nova mínima histórica de 2,25% ao ano, mas deixou aberta a porta para nova redução.
A pesquisa Focus mais recente realizada pelo BC com economistas mostra que a expectativa é de que a inflação termine este ano em 1,72% e que a economia encolha 5,95%.