Por Camila Moreira
SÃO PAULO (Reuters) - A prévia da inflação oficial do Brasil iniciou 2017 mostrando menos força do que o esperado, com destaque para a queda nos preços das contas de energia elétrica, indo abaixo de 6 por cento no acumulado em 12 meses até janeiro.
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15) subiu 0,31 por cento em janeiro, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quinta-feira, acima da alta de 0,19 por cento de dezembro, mas indo ao menor patamar para janeiro desde 1994, quando foi criado o Plano Real.
Em 12 meses até janeiro, o IPCA-15 acumulou alta de 5,94 por cento, nível mais baixo desde março de 2014 (+5,90 por cento).
As expectativas em pesquisa da Reuters eram de alta de 0,44 por cento em janeiro e de 6,06 por cento em 12 meses.
Segundo o IBGE, três grupos tiveram quedas nos preços em janeiro sobre o período anterior: Artigos de Residência (-0,23 por cento), Vestuário (-0,18 por cento) e Habitação (-0,22 por cento).
Neste último, as contas de energia elétrica, com queda dos preços de 2,25 por cento, geraram o impacto negativo mais intenso (-0,08 ponto percentual) sobre o IPCA-15, com a volta, a partir de 1º de dezembro, da bandeira tarifária verde.
ALIMENTOS
Na outra ponta, o grupo Alimentação e Bebidas mostrou alta nos preços de 0,28 por cento em janeiro, após queda de 0,18 por cento no mês anterior. A pressão maior foi exercida pelos alimentos consumidos em casa, cujos preços subiram 0,21 por cento, após queda de 0,45 por cento em dezembro.
A maior alta no mês foi apresentada por Despesas Pessoais, de 0,76 por cento, devido principalmente ao aumento de 2,61 por cento dos preços do cigarro, segundo o IBGE.
O principal impacto individual, entretanto, veio da gasolina, com alta de 2,43 por cento do preço da litro após reajuste autorizado pela Petrobras (SA:PETR4) nas refinarias.
A inflação de serviços, que vem sendo acompanhada de perto pelo Banco Central para a condução da política monetária, desacelerou em janeiro a 0,31 por cento, sobre 0,60 por cento na leitura anterior, nas contas da Votorantim Corretora.
"Estamos vendo a inflação desacelerar como um todo, não é apenas um grupo. O mercado está na dúvida sobre por quanto tempo o novo ritmo de corte de 0,75 ponto vai durar. Mas enquanto a inflação continuar surepreendendo, a tendência é que esse ritmo permaneça", afirmou o economista da Votorantim Carlos Lopes, que projeta a Selic a 9 por cento no fim do ano.
Com sinais de retomada econômica mais demorada após dois anos de profunda recessão, o BC reduziu a Selic além do esperado este mês, levando-a a 13 por cento ao ano, passando a ver a inflação abaixo do centro da meta, em 4,0 por cento. A meta é de 4,5 por cento pelo IPCA, com margem de 1,5 ponto.
A expectativa é de que o afrouxamento continue, com a taxa básica de juros chegando a um dígito. Os economistas consultados na pesquisa Focus do BC veem a Selic a 9,75 por cento este ano, com a alta do IPCA em 4,80 por cento.
De acordo com o presidente do BC, Ilan Goldfajn, a autoridade monetária entrou em um novo ritmo de corte de juros, destacando que a redução de 0,75 ponto percentual representa este novo padrão.