Por Camila Moreira
SÃO PAULO (Reuters) - A prévia da inflação oficial brasileira desacelerou em janeiro, mas ainda assim registrou o nível mais elevado para o mês em cinco anos, sob pressão dos preços da energia elétrica e alimentos.
Em janeiro, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15) avançou 0,78%, depois de ter subido 1,06% em dezembro, de acordo com os dados divulgados nesta terça-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Apesar do arrefecimento, esse foi o resultado mais elevado para um mês de janeiro desde 2016, quando a alta do índice foi de 0,92%.
Nos 12 meses até janeiro o IPCA-15 passou a uma alta acumulada de 4,30%, depois de ter encerrado dezembro com avanço de 4,23%.
Para 2021 a meta do governo é de uma inflação de 3,75%, com margem de 1,5 ponto percentual para mais ou menos, medida pelo IPCA. Em 2020, o IPCA fechou com alta acumulada de 4,52%, acima do centro da meta do governo, de 4%, mas dentro do intervalo de tolerância também de 1,5 ponto.
As expectativas em pesquisa da Reuters eram de avanços do IPCA-15 de 0,81% no mês e de 4,33% em 12 meses.
Assim como no final do ano passado, os alimentos exerceram forte pressão e o grupo Alimentação e bebidas subiu 1,53% em janeiro, embora tenha desacelerado sobre taxa de 2,0% em dezembro.
O resultado se deveu principalmente aos alimentos para consumo no domicílio, que passaram de 2,57% em dezembro para 1,73% em janeiro. As carnes (1,18%), o arroz (2,00%) e a batata-inglesa (12,34%) apresentaram menor pressão de preços na comparação com o mês anterior.
A energia elétrica foi o item de maior impacto individual no IPCA-15 do mês, embora tenha passado de uma alta de 4,08% em dezembro para 3,14% em janeiro com a vigência da bandeira tarifária amarela.
Com isso, o grupo Habitação teve alta de 1,44% depois de taxa de 1,50% em dezembro.
Juntos, os grupos Alimentação e Habitação responderam por cerca de 69% do IPCA-15 de janeiro, segundo o IBGE.
As preocupações com o cenário inflacionário levaram o Banco Central na semana passada a retirar do seu comunicado o "forward guidance", com o qual mantinha o compromisso de não elevar os juros desde que algumas condições estivessem satisfeitas.
Nesta terça-feira, a autoridade monetária explicou na ata do encontro de política monetária que o entendimento predominante no colegiado foi de que, diante das incertezas, seria preferível aguardar a divulgação de mais informações sobre o cenário econômico e a pandemia do coronavírus.
A pesquisa Focus realizada pelo BC junto a uma centena de economistas mostrou que a expectativa é de que a inflação encerre este ano e o próximo a 3,50%.