Por Camila Moreira
SÃO PAULO (Reuters) - A prévia da inflação oficial no Brasil acelerou a 0,39 por cento em setembro com a retomada da alta dos preços de alimentos, superando em 12 meses o teto da meta do governo para atingir o maior nível em mais de um ano.
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15) subiu 6,62 por cento em 12 meses, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta sexta-feira, maior patamar desde junho de 2013 (6,67 por cento).
Há meses a inflação no país não se afasta do teto da meta do governo --de 4,5 por cento pelo IPCA, com tolerância de 2 pontos percentuais para mais ou menos-- tornando-se um tema de destaque às vésperas da eleição presidencial, em outubro.
Em agosto, o IPCA-15 havia subido 0,14 por cento, acumulando em 12 meses 6,49 por cento. Já o IPCA encerrou o mês passado com alta de 0,25 por cento, chegando em 12 meses a 6,51 por cento.
Os números de setembro do IPCA-15 ficaram acima da expectativa em pesquisa da Reuters, cujas medianas apontavam alta de 0,35 por cento na base mensal e de 6,57 por cento em 12 meses.
Segundo o IBGE, em setembro os preços do grupo Alimentação e Bebidas voltaram a subir, somando 0,28 por cento, após queda de 0,32 por cento em agosto, representando impacto de 0,07 ponto percentual no IPCA-15 deste mês.
O grupo Habitação foi o que mostrou maior impacto no índice neste mês, de 0,11 ponto, embora a alta tenha desacelerado a 0,72 por cento, sobre 1,44 por cento no mês anterior.
O IBGE informou ainda que o principal impacto individual foi exercido por passagens aéreas, com 0,07 ponto percentual em setembro, depois de os preços subirem 17,58 por cento. Com isso o grupo Transportes mostrou aceleração na inflação, a 0,45 por cento em setembro, contra 0,20 por cento.
A alta dos preços no país vem mesmo com a atividade econômica fraca, que entrou em recessão no primeiro semestre, minando a confiança tanto de empresários quanto do consumidor.
Para o Banco Central, segundo a mais recente ata do Comitê de Política Monetária (Copom), a pressão sobre os preços é elevada, mas não mais "resistente".
As expectativas de economistas de instituições financeiras são de que o IPCA encerrará este ano a 6,29 por cento, mas não deve arrefecer em 2015, terminando no mesmo patamar, segundo a pesquisa Focus do BC.
Veja abaixo a variação mensal dos grupos:
Grupo Agosto Setembro Impacto
(%) (%) (p.p.)
Alimentação e Bebidas -0,32% +0,28% 0,07
Habitação +1,44% +0,72% 0,11
Artigos de Residência +0,41% +0,43% 0,02
Vestuário -0,18% +0,17% 0,01
Transportes +0,20% +0,45% 0,08
Saúde e Cuidados Pessoais +0,55% +0,30% 0,04
Despesas Pessoais -0,67% +0,31% 0,03
Educação +0,42% +0,20% 0,01
Comunicação -0,84% +0,56% 0,02
Índice Geral +0,14% +0,39% 0,39
(Por Camila Moreira; Edição de Patrícia Duarte)