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Investing.com - O Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA) manteve nesta quarta-feira (7) a taxa de juros inalteradas em 4,25-4,5% após dois dias de reuniões de política monetária do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês). A decisão foi unânime, em linha com o consenso de mercado. O comunicado divulgado após a reunião informa que o Quantitative Tightening (QT) foi mantido nos patamares atuais.
"A expectativa de que as autoridades do FED aguardariam os próximos rumos da economia americana para a decisão do próximo movimento dos juros se concretizou", aponta Alexandre Dellamura, economista da Melver.
O Fomc inicia o comunicado analisando a contração do Produto Interno Bruto (PIB) dos EUA no primeiro trimestre de 2025, cuja primeira prévia indicou contração nos três primeiros meses do ano devido ao aumento das importações. "Embora as oscilações nas exportações líquidas tenham afetado os dados, indicadores recentes sugerem que a atividade econômica continuou a se expandir em ritmo sólido", diz o comunicado logo em seu início. "A taxa de desemprego se estabilizou em um nível baixo nos últimos meses e as condições do mercado de trabalho permanecem sólidas. A inflação permanece um pouco elevada", completa o primeiro parágrafo.
"Também pesou na decisão do Fed a espera pelos primeiros resultados das tarifas comerciais sobre a inflação e os dados ainda pujantes de emprego e consumo", diz Dellamura da Melver. "A situação é um desafio porque a inflação causada por tarifas é diferente de um aumento de preços por excesso de demanda", explica Danilo Igliori, economista-chefe da Nomad.
No segundo parágrafo, o comunicado informa que os riscos de uma taxa de desemprego e de uma inflação maiores subiram, confirmando o que foi antecipado na véspera por Nick Timiaraos, do The Wall Street Journal, que é considerado o jornalista que informa em primeira mão os recados informais do Fed na imprensa. "A incerteza quanto às perspectivas econômicas aumentou ainda mais", diz o documento.
"Subir juros desestimula o consumo e a tomada de crédito, mas não ajuda a baixar os aumentos nos preços causados por tarifas. Ao mesmo tempo, baixar os juros para evitar uma desaceleração econômica pode reforçar a inflação pelo lado da demanda", aponta Igliori, da Nomad.
Em relação às próximas reuniões, o Fed sinalizou que será "dependente de dados". "O Comitê continuará a acompanhar as implicações das informações recebidas para as perspetivas econômicas, e estará preparado para ajustar a política monetária apropriadamente se emergirem os riscos que impedem o Comitê de atigir os seus objetivos", diz o Fomc no comunicado. Vale lembrar que os objetivos de política monetária do banco central dos EUA são a estabilidade de preços e a geração de emprego.
"O Fed mergulhou em uma situação quase impossível, na qual seus dois mandatos provavelmente seguirão direções opostas, mas a política governamental – que é incrivelmente incerta – ditará tanto o momento quanto a magnitude dessas medidas", diz Seema Shah, estrategista-chefe global da Principal Asset Management, que projeta uma abertura de janela de oportunidade para o Fed avaliar um possível corte de juros apenas no fim do terceiro trimestre deste ano, especialmente após o presidente dos EUA, Donald Trump, sugerir poucos minutos antes da decisão do Fed uma postura mais rígida nas negociações com a China.
Por fim, o enxugamento de liquidez do mercado, em um programa chamado Quantitative Tightnening (QT), permanece nos mesmo patamares estabelecidos na reunião anterior de 19 de março, quando foi estabelecido a desaceleração do ritmo de redução do balanço patrimonial do Fed. Desde o início de abril, o Fed vende mensalmente US$ 5 bilhões em títulos do Tesouro dos EUA e US$ 34 bilhões em títulos corporativos e hipotecários.
Detalhes adicionais da decisão serão informados pelo presidente do Fed, Jerome Powell, em entrevista coletiva às 15h30. Confira ao vivo a conversa de Powell com jornalistas no Investing.com.