Os juros futuros fecharam a sessão desta terça-feira em queda, após subirem nas quatro últimas sessões. As taxas acompanharam a trajetória baixista do dólar e dos retornos dos Treasuries, corrigindo parte da forte alta registrada desde a semana passada. A agenda esvaziada aqui e no exterior também contribuiu para o alívio nos prêmios de risco, tendo sido bem absorvida a decisão do Banco do Japão (BoJ, em inglês) de apertar sua política monetária pela primeira vez em 17 anos.
No fechamento, a taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2025 estava em 9,975%, de 9,982% ontem no ajuste. O DI para janeiro de 2027 tinha taxa de 10,12%, de 10,17% ontem, e a do DI para janeiro de 2029 recuava a 10,61%, de 10,66%.
O economista da Guide Investimentos Victor Beyruti afirmou que a redução dos níveis das taxas de juros americanas, que também avançaram nos últimos dias, permitiu um ajuste de queda das taxas domésticas, num dia sem surpresas nem com a Pesquisa Focus nem com o BoJ. "Apesar de ser uma manchete, o mercado já estava bem pronto para essa decisão no Japão", disse. O BoJ elevou sua taxa de juros, para a faixa entre zero e 0,1%, abandonou a política de controle da curva de juros, mas, ao mesmo tempo, assegurou que manterá acomodatícias as condições monetárias.
O Boletim Focus trouxe mudança discreta na mediana de IPCA para 2025, ano que vem ganhando relevância no horizonte da política monetária, de 3,51% para 3,52%, um pouco mais distante da meta central de 3,0%.
Apesar do recuo hoje, as taxas estão longe de retornarem aos níveis de uma semana atrás, dada a expectativa pelo desfecho da Super Quarta. O mercado aguarda pela sinalização do Federal Reserve quanto ao timing para início dos cortes de juros nos EUA e se a instituição manterá no gráfico de pontos a indicação de três reduções de 25 pontos-base este ano. Quanto ao Copom, é o futuro do foward guidance que está em jogo. Vem crescendo a percepção de que o trade off de trocar agora a sinalização não é interessante para o Copom, dado o risco de alta volatilidade na curva.
Os economistas Alexandre de Azara, Fabio Ramos e Rodrigo Martins, do UBS Brasil, acreditam que o forward guidance atual de mais duas reduções de 0,5 ponto será mantido, uma vez que não é um compromisso do Banco Central e sim uma "orientação". "É a melhor avaliação sobre o que decidirá nas duas reuniões subsequentes, caso os dados sejam lançado conforme o esperado. Assim, não é uma restrição, mas um caminho esperado, não um caminho pré-assumido", afirmam, em relatório.
Argumentam, a partir da mediana de 3,7% para o IPCA 2024 e juro real entre 5,0% e 5,5% para este ano - acima do nível neutro estimado em 4,5% -, que há condições do Banco Central levar a Selic a níveis entre 8,75% e 9,25% "numa primeira parada". "Amanhã a Selic deve ser reduzida em 50 pontos, para 10,75%, e com mais duas quedas indicadas no forward guidance, iria para 9,75%, ou 50 pontos acima do teto de uma taxa muito conservadora. Na nossa opinião, é cedo para se preocupar em mudar o parágrafo", avaliam.
Pelo lado fiscal, o governo conseguiu fechar um acordo com os parlamentares para votar a PEC das Igrejas, que delimita a expansão da imunidade tributária a campanhas e atividades feitas por essas instituições por tempo determinado, atendendo a duas principais mudanças para atender às demandas da equipe econômica. O texto deve ser votado na Câmara na próxima semana.