FRANKFURT (Reuters) - O Banco Central Europeu tem que elevar os juros a um nível que restrinja o crescimento e seu pico dependerá de como a economia responderá ao mais rápido ciclo de aperto monetário já registrado, disse o economista-chefe do BCE, Philip Lane, ao Financial Times.
O BCE elevou os juros em 2,5 pontos percentuais combinados desde julho na tentativa de conter um aumento histórico da inflação, mas as autoridades do banco central já disseram que mais aumentos serão necessários para que o crescimento dos preços, agora um pouco abaixo de 10%, volte à meta de 2% do BCE por volta de 2025.
"Precisamos elevar mais os juros", disse Lane segundo o FT desta terça-feira.
"No ano passado, poderíamos dizer que era claro que precisávamos elevar os juros a níveis mais normais, e agora dizemos, bem, na verdade precisamos levá-los para um território restritivo".
Embora os mercados vejam a taxa de depósito de 2% atingindo um pico de cerca de 3,3% neste verão (no hemisfério norte), Lane adotou uma abordagem mais cautelosa, argumentando que a resposta de empresas, famílias e governos aos movimentos do BCE será fundamental.
Lane também disse que os governos da zona do euro, que estão gastando demais com subsídios agora, terão de assumir um papel maior no combate à inflação.
"Os governos também precisam recuar dos altos déficits que permanecem", disse ele. "Ajuste fiscal significativo será necessário nos próximos anos".
Uma vez que os juros sejam altos o suficiente para restringir o crescimento, o BCE precisará equilibrar o risco de fazer muito ou fazer menos, e isso pode ser um problema que se arrasta "por um ou dois anos", disse Lane.
(Reportagem de Balazs Koranyi)