CARACAS (Reuters) - A ministra das Relações Exteriores da Venezuela, Delcy Rodríguez, criticou nesta segunda-feira o secretário de Estado norte-americano, John Kerry, por questionar as credenciais democráticas do país antes das eleições legislativas, nas quais as pesquisas indicam que o governo socialista venezuelano será derrotado.
A disputa ocorre depois de uma reaproximação no início deste ano entre as duas nações, cujos governos são ideologicamente opostos. Em uma entrevista transmitida pela CNN em espanhol na segunda-feira, Kerry descreveu a Venezuela como "problemática" e disse que as eleições de dezembro darão uma "medida do tipo de democracia que existe no país".
Respondendo no Twitter na própria segunda à noite, a chanceler Delcy Rodríguez afirmou que a Venezuela rejeita os comentários de Kerry.
"O registro eleitoral nos Estados Unidos é fundado sobre a discriminação ... Nosso sistema político está fundado na democracia."
A Venezuela e os Estados Unidos vêm mantendo relações difíceis desde que Hugo Chávez, morto em 2013, foi eleito presidente em 1998. Chegaram a seu ponto mais baixo em 2006, quando Chávez descreveu o então presidente norte-americano George W. Bush como "o diabo".
Os dois países não trocam embaixadores desde 2010.
No domingo, o presidente da Venezuela, Nicolas Maduro, disse que o presidente Barack Obama estava atrasando o aval ao embaixador proposto para Washington. Já os EUA não indicaram um nome para a sua embaixada na Venezuela. Funcionários da representação norte-americana em Caracas não responderam de imediato a um pedido de comentário.
As relações começaram a melhorar no início do ano, mas parecem ter retrocedido depois que Leopoldo López, um líder oposicionista preso, foi condenado a quase 14 anos de prisão em setembro, acusado de fomentar a violência contra o governo. Washington vinha pressionando pela libertação de López.