(Reuters) - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta quarta-feira que espera que o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, veja a disposição do governo em fazer o necessário para que a autarquia realize mais cortes na taxa Selic, afirmando que deseja colaboração do chefe do BC na redução dos juros.
Em discurso durante evento de anúncio de novas medidas para a reconstrução do Rio Grande do Sul, Lula disse ainda que conversou com fabricantes de produtos da linha branca sobre a necessidade de venderem suas mercadorias com preços mais baratos para consumidores do Estado, que foi devastado por fortes enchentes, responsáveis pelas mortes de 169 pessoas, na maior tragédia climática da história do Estado.
"Eu espero que o presidente do Banco Central veja nossa disposição de reduzir a taxa de juros e ele, quem sabe, colabore conosco reduzindo a taxa Selic para a gente poder emprestar a taxa de juros ainda mais barata", disse Lula em discurso durante cerimônia em que foram anunciadas linhas de crédito com juros reduzidos para empresas gaúchas.
Na última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central, no início deste mês, a autoridade monetária reduziu a velocidade de corte da taxa básica de juros para 0,25 ponto percentual, ante 0,5 ponto nas seis reuniões anteriores, levando a Selic a 10,5% ao ano.
A ata desse encontro mostrou que todos os diretores do Copom defenderam uma política monetária mais contracionista, cautelosa e sem indicação futura sobre os juros, apesar da divisão no colegiado sobre a intensidade do corte na Selic na reunião de maio.
Economistas consultados pela pesquisa Focus, do BC, estimam que a Selic encerrará este ano em 10% ao ano, segundo versão mais recente do levantamento realizado junto ao mercado financeiro e divulgado na segunda-feira.
Em seu discurso em Brasília, o presidente mais uma vez expressou seu otimismo com a economia brasileira e disse que, aqueles que apostam contra o crescimento, errarão.
"Eu sou teimoso em dizer que quem duvidar que a economia brasileira vai crescer vai quebrar a cara no final do ano", disse Lula, antes de comemorar dados divulgados mais cedo pelo Ministério do Trabalho que apontaram abertura de 240.033 vagas formais de trabalho em abril.
"É uma demonstração de que, se o governo está fazendo as coisas, se os empresários estão participando com anúncios de investimentos..., se esses investimentos estão acontecendo, a economia não tem por que não crescer", disse Lula ao comentar os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged).
O presidente também voltou a repetir que não faltará apoio do governo federal ao Rio Grande do Sul e afirmou que o Executivo dialogará com empresários do setor de eletrodomésticos da linha branca e de proteína animal para garantir abastecimento e preços competitivos aos consumidores gaúchos.
"Eu já pedi para o (vice-presidente e ministro da Indústria e Comércio Geraldo) Alckmin conversar com os companheiros que fabricam a linha branca para que, neste momento do Rio Grande do Sul, as pessoas levem em conta que a gente vai ter que oferecer produtos da mesma qualidade, mas mais baratos para que o setor também possa dar contribuição", disse Lula.
"Como aconteceu com o setor da carne, que eu me reuni junto com o (ministro da Agricultura Carlos) Fávaro, e de pronto todos os 32 empresários que estavam aqui assumiram o compromisso de fazer chegar proteína animal no Rio Grande do Sul, inclusive com estrutura logística deles, coisa que facilita muito."
(Por Eduardo Simões, em São Paulo)