Por Jeff Mason e Roberta Rampton
WASHINGTON (Reuters) - O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse nesta quinta-feira que estava finalizando um plano que exigiria de imigrantes pedindo asilo nos Estados Unidos que eles utilizem uma porta de entrada legal, impondo linha dura na questão da imigração antes das eleições parlamentares da semana que vem.
Não estava claro ainda se o plano teria contingente jurídico. O Ato de Imigração e Nacionalidade garante que qualquer imigrante nos Estados Unidos possa pedir asilo, não importando se ele ou ela entrou no país através de uma porta de entrada designada legalmente.
"Imigrantes buscando asilo terão de se apresentar legalmente em uma porta de entrada", disse Trump a jornalistas na Casa Branca, acrescentando que emitiria um decreto presidencial sobre imigração na próxima semana.
"Aqueles que escolherem quebrar as nossas leis e entrarem ilegalmente não vão mais poder usar pedidos não merecidos para ganhar admissão automática em nosso país", acrescentou.
Trump escalou sua retórica já dura sobre imigração ilegal, uma questão que apela à sua base eleitoral, às vésperas da votação na próxima terça-feira que irá determinar se seus colegas republicanos irão manter o controle do Congresso.
Nos últimos dias, Trump buscou apresentar como ameaça aos Estados Unidos o grande grupo de migrantes centro-americanos que deixou a pobreza e a violência de seus países e agora marcha vagarosamente pelo México em direção à fronteira com os EUA.
"Estas caravanas ilegais não poderão entrar nos Estados Unidos e eles devem dar meia volta agora", disse Trump. "Iremos parar as pessoas na fronteira. Isso é invasão."
O senador republicano Chuck Grassley, um aliado do presidente e presidente do poderoso comitê Judiciário do Senado, repetiu parte do discurso duro de Trump sobre a caravana em uma carta aos secretários do Departamento de Segurança Doméstica e do Departamento de Estado.
Na carta, Grassley diz que seu gabinete havia recebido informações de que diversos membros da caravana possuíam "históricos criminais significativos" e buscava informações sobre "potenciais ameaças à segurança que poderiam existir entre os membros".
Trump disse na quarta-feira que os Estados Unidos poderiam enviar até 15 mil militares para a fronteira para confrontar uma caravana de migrantes, mais de duas vezes o número anteriormente divulgado pelas autoridades de Defesa.
Parlamentares republicanos e outros apoiadores de Trump aplaudiram o destaque de tropas. Mas críticos argumentam que Trump teria fabricado uma crise para levar os republicanos às urnas.
Em outra frente de imigração, Trump disse nesta semana que buscará suprimir o direito constitucional à cidadania norte-americana para crianças nascidas nos Estados Unidos de não- cidadãos do país e imigrantes ilegais, afirmando que faria um decreto sobre o direito inato de cidadania.
Trump e outros republicanos dizem que direito - garantido pela décima quarta emenda da Constituição, feita após a Guerra de Secessão - cria um incentivo para que as pessoas adentrem o país ilegalmente para terem seus filhos nos Estados Unidos. Críticos, incluindo outros republicanos, dizem que o presidente não pode mudar a Constituição por decreto. Tal ação apresentaria virtualmente um desafio legal.
(Reportagem de Roberta Rampton e Jeff Mason; Reportagem adicional de Makini Brice e Lisa Lambert)