Por Kate Holton e Costas Pitas
LONDRES (Reuters) - A nova primeira-ministra do Reino Unido, Theresa May, mostrou uma face firme nesta quinta-feira ao anunciar o novo gabinete que irá conduzir o país na separação da União Europeia, e seu novo ministro das Finanças disse que fará o que for necessário para restaurar a confiança na economia.
Um dia depois de substituir David Cameron, May impôs sua autoridade rapidamente demitindo um punhado de ministros proeminentes, como o ocupante da pasta da Justiça, Michael Gove, um grande defensor do chamado Brexit, a saída britânica da UE, que ensaiou postular o cargo de premiê.
A indicação mais polêmica de May foi a de Boris Johnson -- que durante a campanha que decidiu a desfiliação britânica do bloco de 28 nações comparou os objetivos da UE com aqueles de Hitler e Napoleão-- como novo ministro das Relações Exteriores.
A escolha surpreendente gerou uma reação aspera do chanceler francês, Jean-Marc Ayrault, que descreveu o ex-prefeito de Londres como um mentiroso.
Três semanas após o referendo, o novo governo de May enfrenta a tarefa extraordinariamente complexa de separar seu país da UE --ela mesma ainda se recuperando do choque da desfiliação-- enquanto tenta proteger a economia do temor de um abalo na confiança, no comércio e nos investimentos.
O Banco da Inglaterra manteve as taxas de juros inalteradas nesta quinta-feira, pegando no contrapé muitos investidores que esperavam o primeiro corte em mais de sete anos, mas disse que provavelmente irá empregar um estímulo dentro de três semanas para apoiar a economia, uma vez que tenha avaliado os desdobramentos da consulta de 23 de junho. A libra esterlina subiu acentuadamente após a notícia, mas as ações caíram.
O novo ministro das Finanças, Philip Hammond, indicou que irá adotar uma abordagem menos agressiva para reduzir o deficit orçamentário do que seu antecessor, George Osborne, demitido na quarta-feira.
"Os mercados realmente precisam de sinais tranquilizadores, precisam saber que faremos o que for necessário para manter a economia nos trilhos", afirmou.
May, que foi favorável à permanência britânica na UE, precisa agora decidir quando e como iniciar os procedimentos oficiais de rompimento com os 27 outros integrantes do bloco, que estão pressionando para que ela aja rapidamente para acabar com a incerteza que hoje paira sobre todos eles.
Em seu primeiro discurso à nação na quarta-feira, ela prometeu advogar a justiça social e ajudar os britânicos comuns em sua luta para pagar as contas.
"O governo que eu lidero será impulsionado não pelos interesses dos poucos privilegiados, mas pelos seus. Faremos tudo que pudermos para dar a vocês mais controle sobre suas vidas", afirmou.
(Reportagem adicional de William James, Kylie MacLellan, William Schomberg, David Milliken, Andy Bruce, Karin Strohecker, Michael Holden, Paul Sandle e Ana Nicolaci da Costa)