Por Kopano Gumbi e Nellie Peyton
JOHANNESBURGO (Reuters) - O Congresso Nacional Africano (CNA) convidará outros partidos para formar um governo de união nacional, afirmou nesta quinta-feira seu líder, presidente Cyril Ramaphosa, depois de o partido ter perdido a maioria pela primeira vez na era democrática. O ex-movimento pela libertação, que já foi liderado por Nelson Mandela, comanda a África do Sul desde que assumiu o poder, na eleição de 1994, e que marcou o fim da gestão da minoria branca. A legenda, contudo, foi punida na eleição da semana passada. Após um encontro que durou todo o dia do Comitê Executivo Nacional do partido, em Johanesburgo, Ramaphosa afirmou que o CNA decidiu que uma colaboração mais ampla com outras forças políticas era “a melhor opção para levar nosso país adiante”. “Partidos políticos devem se unir para forjar um futuro comum para o nosso país”, afirmou o líder para a imprensa. “Precisamos agir com celeridade para manter a unidade nacional, a paz, a estabilidade, o crescimento econômico inclusivo, o não-racialismo e o não-sexismo.” Apesar de ter obtido o seu pior resultado na história no dia 29 de maio, o CNA permanece como maior partido político sul-africano e controlará 159 dos 400 assentos na nova Assembleia Nacional. O resultado da eleição criou uma situação complexa para Ramaphosa e seu partido. Os rivais mais próximos do CNA, a Aliança Democrática (AD) pró-mercado e liderada pela minoria branca, têm 87 assentos. O populista uMkhonto we Sizwe (MK), liderado pelo ex-presidente Jacob Zuma, ficou com 58 representantes. Já o Combatentes da Liberdade Econômica (CLA), de extrema-esquerda, têm 39. “Não excluímos a possibilidade de trabalhar com qualquer partido, desde que seja do interesse público", disse Ramaphosa. Ele afirmou que já teve conversas construtivas com CLA, AD e com os menores Partido da Liberdade Inkatha, Partido da Liberdade Nacional e a Aliança Patriótica. O MK confirmou nesta quinta-feira que tem conversado com o CNA, e que uma reunião deve ocorrer em breve. Economia mais desenvolvida do continente, a África do Sul vem em declínio na última década, com baixo crescimento, altos níveis de pobreza e desemprego, problemas de infraestrutura e corrupção política. O novo Parlamento precisa se reunir no máximo duas semanas após a declaração dos resultados, ocorrida no domingo, e uma de suas primeiras responsabilidades é eleger o presidente. A AD sinalizou na quarta-feira que não quer formar um governo que inclua o MK ou o CLA. Qualquer acordo com a AD seria bem-visto pelo mercado financeiro, mas impopular entre muitos apoiadores do CNA, que classificam a legenda como sendo representante da rica minoria branca da África do Sul.