SÃO PAULO (Reuters) - A indústria de veículos da América do Sul pode ver o nível de capacidade ociosa crescer para perto de 50 por cento no próximo ano, diante da fraqueza no Brasil e na Argentina, dois principais mercados da região, afirmou a Ford nesta terça-feira.
Segundo o vice-presidente de assuntos institucionais da Ford para a América do Sul, Rogelio Golfarb, a indústria automotiva da região está com cerca de 45 por cento de sua capacidade desocupada este ano, afetada pela queda de vendas e exportações no Brasil e na Argentina.
"Não se resolve problema de pessoal da noite para o dia", afirmou Golfarb a jornalistas durante o Salão do Automóvel de São Paulo. "A preocupação número um da indústria hoje é com o excesso de capacidade", acrescentou, sem poder estimar o volume de produção ociosa.
A companhia completa este ano processo de renovação de sua linha de veículos para modelos globais, e avalia que o mercado de carros do país terá venda de 3,4 milhões de unidades em 2014, um recuo de 10 por cento sobre o ano anterior. Para 2015, a expectativa é de mercado estável, projeção que considera aumento do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI).
Sobre uma eventual manutenção do imposto nos patamares atuais, pedida mais cedo por rivais como GM, Golfarb afirmou que se trata de uma decisão necessária para permitir um planejamento adequado do setor no próximo ano.
"É importante para o planejamento, obviamente, a continuidade do IPI como está vai influenciar nas projeções de vendas para o ano que vem", disse Golfarb. "Se for renovado (o imposto nos níveis atuais), não se cria um desafio adicional", disse o executivo.
Segundo ele, o fim das eleições deve ajudar o mercado ao retirar fator de incerteza entre os consumidores. "Voltamos à vida normal e os consumidores prestarão mais atenção aos lançamentos", afirmou.
No salão, a Ford exibe o recém-lançado compacto novo Ka, além de modelos como os SUVs Ecosport e Edge.
(Por Alberto Alerigi Jr.; Edição de Luciana Bruno)