O ex-presidente do Banco Central Affonso Celso Pastore disse nesta quinta-feira, 8, que caso o governo passe a usar mais o BNDES para financiar investimentos, expandindo gastos com subsídios a serem dados pelo banco estatal, haverá provavelmente o efeito de elevar a taxa neutra. Pastore participou do evento Itaú (BVMF:ITUB4) Macrovision 2022, realizado pelo banco em São Paulo (SP).
"Quando a taxa neutra está caindo, a NTN-B está caindo e quando está subindo, a NTN-B sobe. Todos os períodos de queda de taxa neutra e de NTN-B estão associados a algum grau de controle fiscal; com o teto de gastos, as taxas neutra e de NTN-B vieram abaixo, então tem, sim, um efeito, e se o governo começar a usar o BNDES, isso tem um efeito para cima sobre taxa", explicou Pastore.
O ex-presidente do BC argumentou que, se houver custo de oportunidade baixo no mercado de capitais, o setor privado pode financiar grandes projetos de investimento sem subsídios do governo. "Precisamos de investimentos, podemos fazer com o setor privado desde que o mercado de capitais funcione. Quando o BNDES subsidiava, o mercado de capitais ficou muito menor do que é hoje, e é bom que ele cresça", afirmou.
Pastore disse não ser da mesma opinião do atual ministro da Fazenda, Paulo Guedes, que defende o Estado mínimo, defendendo que é necessária a atuação do governo em várias frentes, mas que em relação a diversos investimentos, é melhor alocar recursos usando o mercado de capitais com taxas neutras mais baixas.