PEQUIM (Reuters) - As exportações e importações da China devem registrar queda de dois dígitos em abril, após ensaiarem uma recuperação em março, à medida que a pandemia de coronavírus golpeia a demanda global e interrompe as cadeias de suprimentos industriais, mostrou uma pesquisa da Reuters nesta quarta-feira.
As projeções pessimistas reforçam preocupações de que o colapso da demanda global restrinja a retomada da segunda maior economia do mundo, que tenta se recuperar após semanas de paralisação devido ao surto de vírus.
Os embarques para fora da China provavelmente caíram 15,7% em abril em relação a um ano antes, de acordo com a mediana das estimativas de pesquisa com 28 economistas, muito pior do que a contração de 6,6% em março. As exportações encolheram 17,2% no primeiro bimestre do ano.
Enquanto isso, as importações devem ter encolhido 11,2% contra o mesmo período do ano passado, tombo mais acentuado desde julho de 2016 e ante queda de 0,9% no mês anterior, pois a demanda doméstica permaneceu morna.
O superávit comercial do mês deve ter sido de 6,35 bilhões de dólares, ante 19,9 bilhões de dólares em março.
"As fraturas nas cadeias de suprimentos no exterior e a redução da demanda levarão a novas quedas nas exportações (no segundo trimestre)", disseram analistas do Industrial Bank em Xangai em nota no domingo, acrescentando que mais da metade do comércio de processamento da China --aquele no qual o país importa matérias-primas de outros mercados e os reexporta na forma de produtos acabados-- depende de insumos comprados de outros países.
O banco prevê que as exportações cairão 15% no segundo trimestre deste ano, em comparação a uma queda de 13,3% no primeiro trimestre.
As fábricas da China sofreram um colapso nos pedidos de exportação em abril, mostraram pesquisas recentes, em meio a relatos de que clientes estrangeiros cancelaram uma grande quantidade de encomendas enquanto a crise da saúde pelo coronavírus fechava grande parte da economia mundial.
O segundo trimestre é geralmente um período movimentado para os negócios de contêineres nos portos chineses, disse a associação de portos da China no mês passado, mas, como a doença respiratória Covid-19 se espalha globalmente, o crescimento no tráfego de contêineres tem sido contido por uma desaceleração na atividade logística global e por cortes na capacidade em companhias de navegação.
A associação estima que o transporte de contêineres possa cair de 10% a 15% no segundo trimestre.
(Reportagem de Stella Qiu e Ryan Woo)