Investing.com - A inflação vem apresentando desaceleração nos últimos meses nas principais economias do mundo, mas ainda permeiam receios de uma eventual segunda onda, com comparações em relação à experiência vivida nos anos de 1970. Em relatório divulgado aos clientes e ao mercado, o ING Economics avalia gráficos comparativos encontrados nas redes sociais como absurdos e reforça que “o passado não é uma medida perfeita para o futuro, especialmente levando em conta que a segunda onda da década de 1970 pode ser atribuída a outra enorme crise petrolífera”. No entanto, os pesadelos com esse período ainda moldariam as decisões atuais, com taxas de juros mais elevadas por mais tempo.
O ING lembra que os choques do petróleo da década de 70 ocorreram em uma economia americana aquecida, com persistentes déficits comerciais e fiscais. “A lição foi que, para que uma segunda onda realmente decole, é necessário um catalisador e um ambiente econômico propício para que a inflação se estabeleça”.
Hoje, a situação parece diferente, apesar de uma segunda onda não ser inevitável. “Há boas razões para esperar que a inflação seja estruturalmente mais elevada e mais volátil durante a próxima década. O mesmo se aplica às taxas do banco central”, completa, no documento.
Porém, o ING pondera que os Estados Unidos estariam, em sua visão, menos vulneráveis aos choques energéticos do que na década de 1970. “Contudo, um segundo choque nos preços da energia poderá levar a um feedback mais pronunciado entre os salários da zona euro e a inflação”.
A escassez de metais em cum contexto da transição verde, volatilidade extrema em preços de alimentos e falta estrutural de trabalhadores estão entre os riscos, mas políticas fiscais e monetárias mais restritivas podem funcionar como uma medida de “trava” no curto e médio prazo. Os bancos centrais, muitos deles agora independentes, estão menos inclinados à flexibilização das taxas de juros enquanto as expectativas de inflação ainda forem elevadas. Segundo os especialistas, a probabilidade é que as taxas de juros não voltem aos mínimos anteriores à pandemia em um futuro próximo.