Por Howard Schneider e Lindsay Dunsmuir
WASHINGTON (Reuters) - O chair do Federal Reserve, Jerome Powell, prometeu nesta quarta-feira "apoio poderoso" para concluir a recuperação econômica dos Estados Unidos diante da pandemia de coronavírus, mas enfrentou duras perguntas de parlamentares republicanos preocupados com os recentes picos de inflação.
Em audiência no Comitê de Serviços Financeiros da Câmara dos Deputados dos Estados Unidos, Powell disse estar confiante de que os recentes aumentos de preços estão associados à reabertura econômica pós-pandemia do país e perderão força, e que o Fed deve manter o foco em trazer de volta ao trabalho tantas pessoas quanto possível.
Qualquer movimento para retirar o apoio à economia, reduzindo primeiro as compras mensais 120 bilhões de dólares de títulos do banco central norte-americano, "ainda está longe", disse Powell, uma vez que os EUA estão com 7,5 milhões de empregos a menos em comparação com patamares pré-pandemia.
Apesar da recente alta no emprego, "ainda há um longo caminho a percorrer" para incluir milhões de pessoas que estão fora, muitas delas com salários mais baixos, trabalhadores negros ou hispânicos que foram mais afetados pela recessão desencadeada pela pandemia do coronavírus, disse Powell.
O chair do Fed abordou as preocupações sobre a inflação representar novos riscos próprios, dizendo que o ritmo de alta da inflação é mais rápido do que o esperado, mas irá se "moderar", linguagem que indica que ele não vê necessidade de apressar a mudança em direção à uma política monetária pós-pandemia.
A parlamentar republicana Ann Wagner, do Estado do Missouri, observou que Powell, em uma audiência anterior, em fevereiro, disse que os próximos aumentos de preços seriam "temporários". Meio ano depois, ela disse: "posso dizer que as famílias e as empresas que represento não estão sentindo que esses aumentos de preços são temporários... São nas moradias, eletrodomésticos, preços dos alimentos, gás."
Anthony Gonzalez, um republicano de Ohio, apontou para uma nova estratégia do Fed que visa encorajar o aumento do emprego, deixando a inflação superar "moderadamente" a meta de 2% do banco central "por algum tempo".
"Quanto tempo é 'algum tempo'?" perguntou Gonzalez, argumentando que as políticas atuais do Fed podem estar fazendo pouco para encorajar o emprego num momento em que os empregadores já estão anunciando um número recorde de vagas.
"Depende", disse Powell, demonstrando o dilema que enfrentará se os preços continuarem subindo. "No momento, a inflação está bem acima de 2%... A questão para o Comitê (Federal de Mercado Aberto, Fomc, na sigla em inglês) será: onde isso nos deixará em seis meses?"
A inflação mais forte do que o previsto e um novo aumento nas infecções por coronavírus devido à variante Delta representam um potencial dilema para Powell, puxando as perspectivas para a política monetária em direções opostas.
Em um relatório ao Congresso na semana passada, o Fed disse que, à medida que as "circunstâncias extraordinárias" da reabertura diminuem, "a oferta e a demanda devem ficar mais alinhadas e a inflação deve cair".
Powell falará ao Comitê Bancário do Senado na quinta-feira.