Por Ruma Paul e Sudipto Ganguly
DACA (Reuters) - A primeira-ministra de Bangladesh, Sheikh Hasina, renunciou ao cargo nesta segunda-feira e fugiu do país, segundo várias fontes, depois que mais pessoas foram mortas em um dos piores episódios de violência desde o nascimento da nação sul-asiática, há mais de cinco décadas.
O chefe do Exército, general Waker-Us-Zaman, disse em um discurso televisionado que Hasina, de 76 anos, deixou o país e que um governo interino será formado.
Segundo a mídia, ela voou em um helicóptero militar com sua irmã e estava indo para a Índia. O canal de televisão CNN News 18 informou que ela aterrissou em Agartala, a capital do Estado de Tripura, no nordeste da Índia.
A Reuters não pôde verificar imediatamente os relatos.
Imagens de televisão mostraram milhares de pessoas nas ruas da capital, Daca, em júbilo e gritando slogans. Milhares de pessoas também invadiram a residência oficial de Hasina, "Ganabhaban", gritando palavras de ordem e mostrando sinais de vitória.
Imagens de TV mostraram multidões nas salas de estar da residência, e algumas pessoas puderam ser vistas carregando televisores, cadeiras e mesas do que era um dos edifícios mais protegidos do país.
"Ela fugiu do país, fugiu do país", gritavam alguns.
Os manifestantes em Daca também subiram em uma grande estátua do líder da independência, Sheikh Mujibur Rahman, pai de Hasina, e começaram a esculpir a cabeça com um machado, segundo as imagens.
Estudantes ativistas haviam convocado uma marcha para a capital, Daca, na segunda-feira, desafiando um toque de recolher nacional para pressionar Hasina a renunciar, um dia depois que confrontos mortais em todo o país mataram quase 100 pessoas. Cerca de 150 pessoas foram mortas em protestos no mês passado.
Nesta segunda-feira, pelo menos seis pessoas foram mortas em confrontos entre a polícia e manifestantes nas áreas de Jatrabari e DACA Medical College, informou o jornal Daily Star. A Reuters não pôde verificar imediatamente o relato.
Bangladesh foi tomado por protestos e violência que começaram no mês passado depois que grupos de estudantes exigiram a eliminação de um sistema controverso de cotas em empregos do governo.
Isso se transformou em uma campanha para buscar a destituição de Hasina, que conquistou um quarto mandato consecutivo em janeiro, em uma eleição boicotada pela oposição.