MADRI (Reuters) - O primeiro-ministro em exercício da Espanha, Pedro Sánchez, disse neste sábado que apoia a concessão de uma controversa anistia aos envolvidos na tentativa fracassada de independência da Catalunha em 2017, na esperança de persuadir os partidos da região a apoiá-lo no governo.
“No interesse da Espanha, em defesa da coexistência entre os espanhóis, defendo hoje a anistia na Catalunha pelos acontecimentos da última década”, disse Sánchez durante uma reunião do Comitê Federal do Partido Socialista em Madrid.
O anúncio foi ovacionado pelos presentes.
Sánchez, que tenta formar um governo de coalizão três meses após uma eleição inconclusiva, fechou, nesta semana, um acordo de coalizão com o esquerdista Sumar, mas o apoio dos 31 parlamentares da câmara baixa desse partido não é suficiente para garantir o cargo de primeiro-ministro.
Ele precisa do apoio dos partidos separatistas catalães, Esquerra Republicana de Catalunya ERC e Junts, que exigiram uma lei de anistia que pode abranger mais de 1.400 pessoas envolvidas na fracassada tentativa de independência.
De acordo com eles, o apoio também depende de outro referendo sobre a independência.
“Para continuar avançando, devemos superar todos os episódios que, no passado, nos dividiram e fraturaram as nossas sociedades”, disse Sánchez.
Ele afirmou que seu partido “vê os problemas de frente”, acrescentando que 80% dos catalães apoiam um acordo sobre a questão.
A provável anistia desencadeou uma tempestade política na Espanha, com opositores principalmente conservadores protestando e acusando Sánchez de pôr em risco o Estado de direito para seu próprio ganho político.
Uma pesquisa realizada em setembro mostrou que 70% dos entrevistados - 59% deles apoiadores socialistas - eram contra uma anistia.
(Reportagem de Jessica Jones)