Por David Milliken
LONDRES (Reuters) - Agora não é o momento de elevar a taxa de juros, afirmou nesta terça-feira o presidente do banco central britânico, Mark Carney, alertando que o crescimento já fraco dos salários pode provocar mais perda de força conforme o Reino Unido se prepara para deixar a União Europeia.
Em discurso à comunidade bancária de Londres um dia depois do início das negociações do Brexit, Carney frustrou qualquer perspectiva de que possa estar próximo de se juntar aos três membros do Banco da Inglaterra que na semana passada votaram inesperadamente para elevar os juros da mínima recorde de 0,25 por cento.
O banco central está fazendo malabarismo diante da combinação de alta de preços provocada em parte pela queda no valor da libra desde a decisão em junho de 2016 de deixar o bloco, e a desaceleração do aumento dos salários conforme a economia perde grande parte da força do ano passado.
O resultado incerto das negociações do Brexit também deve pesar sobre os consumidores e as empresas.
O ministro das Finanças, Philip Hammond, disse à mesma audiência que é importante evitar se colocar na beira do penhasco quando o Reino Unido deixar a UE em 2019 e ter um acordo de transição sobre comércio antes que um acordo pleno seja alcançado.
Carney afirmou que se houver avanço insuficiente sobre isso, as empresas no Reino Unido e em outros países da UE podem em breve começar a ativar seus próprios planos de contingência para o Brexit.
"A política monetária não pode impedir o crescimento mais fraco da renda real que deve acompanhar a transição para novos arranjos comerciais com a UE", disse ele.