Por Leika Kihara e Stanley White
TÓQUIO (Reuters) - O presidente do banco central do Japão, Haruhiko Kuroda, disse que os custos mais baixos de energia podem levar os preços ao consumidor para território negativo, mas que isso não irá descarrilar a retomada da inflação à medida que a economia se recupera, sinalizando que não vê necessidade imediata de ampliar os estímulos.
Há quase dois anos no cargo, Kuroda continua a lutar contra a fraqueza dos preços, que tem mantido viva a expectativa de que o banco central vai afrouxar sua política monetária novamente neste ano para alcançar sua meta de inflação de 2 por cento.
O banco central japonês manteve inalterado seu programa maciço de estímulo neta terça-feira, mas ofereceu uma visão ligeiramente mais negativa sobre os preços, dizendo que a inflação permanecerá perto de zero por enquanto.
"Dependendo dos movimentos do preço do petróleo, não podemos descartar a possibilidade de que o núcleo da inflação ao consumidor terá uma leve queda na base anual", disse Kuroda em coletiva de imprensa.
Ele acrescentou, no entanto, que as perspectivas de melhora dos salários e do crescimento econômico vão sustentar as expectativas de inflação.
"Por enquanto, não acredito que a desaceleração fundamental na inflação, causada na maior parte pelas fortes quedas nos preços do petróleo, vãi afetar imediatamente a tendência de preços ampla", disse ele.
As declarações de Kuroda ecoaram um sinal enviado por autoridades do banco central japonês a investidores de que, embora esperem que a inflação fique em zero nos próximos meses, eles não veem necessidade de responder a menos que a fraqueza nos preços afete as expectativas de inflação.
"Absolutamente não há mudanças acerca de nossa posição de visar a alcançar nossa meta de inflação de 2 por cento o mais cedo possível com um cronograma de cerca de 2 anos", disse Kuroda, que completará dois anos no comando na sexta-feira.
O BC do Japão tem mantido sua política monetária desde que expandiu o estímulo em outubro do ano passado para evitar que a queda dos preços do petróleo, e uma subsequente desaceleração da inflação, adie o fim sustentado da deflação.
((Tradução Redação São Paulo, 55 11 56447723)) REUTERS RF BBF