Por Dan Williams
JERUSALÉM (Reuters) - Médicos israelenses iniciaram uma greve de 24 horas e anúncios negros cobriram as primeiras páginas dos jornais, nesta terça-feira, em um furor no país após ratificação do governo de extrema direita de mudanças iniciais no judiciário que os críticos temem que coloquem em risco a independência dos tribunais.
Um primeiro projeto de lei restringindo a revisão da Suprema Corte sobre algumas decisões do governo foi aprovado em uma sessão tempestuosa do Parlamento na segunda-feira. Alguns acusaram o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu de empurrar Israel para a autocracia.
Com as manifestações convulsionando Israel por meses, milhares foram às ruas e entraram em confronto com a polícia na noite de segunda-feira.
"Um Dia Negro para a Democracia Israelense", dizia o anúncio na capa de importantes jornais, colocado por um grupo que se descreve como trabalhadores de alta tecnologia preocupados.
A crise abriu uma profunda divisão na sociedade israelense e prejudicou os laços com seu aliado mais próximo, os Estados Unidos, que qualificou a votação de segunda-feira de "infeliz".
O Reino Unido pediu a Israel para manter a independência dos tribunais, construir consenso e preservar análises e contrapesos robustos.
Os líderes do protesto disseram que um número crescente de reservistas militares não se apresentaria mais ao serviço se o governo continuar com seus planos.
O líder da oposição, Yair Lapid, pediu aos reservistas que adiem sua ameaça de não comparecimento enquanto aguarda qualquer decisão da Suprema Corte sobre recursos. Um grupo de vigilância política e a Ordem dos Advogados de Israel apresentaram contestações.
A Associação Médica de Israel ordenou que os médicos fizessem greve por 24 horas em todo o país, mas não em Jerusalém, que é palco de confrontos crescentes.
O governo estava buscando uma liminar obrigando os médicos a voltarem ao trabalho.