BRASÍLIA (Reuters) - O aumento do crédito e da taxa de poupança ocorrido durante a crise gerada pela pandemia da Covid-19, aliado ao fato de o ajuste do mercado de trabalho no período ter se dado principalmente no mercado informal, dá ao Brasil agora melhores condições de recuperação do que as verificadas em outras crises recentes, destacou a Secretaria de Política Econômica nesta segunda-feira.
Ainda assim, a SPE ressaltou em texto divulgado à imprensa que o recrudescimento da pandemia representou um freio à retomada econômica verificada no segundo semestre do ano passado, e que a crise atual só será superada totalmente com a vacinação em massa.
"As próprias fontes da crise...têm em sua origem a própria doença, de forma que só serão sanadas de forma definitiva com a vacinação em massa da população, em especial a dos mais vulneráveis à doença", disse a SPE em nota.
Segundo destacou a secretaria do Ministério da Economia, ao contrário do que foi visto na crises de 2009 e de 2015-2016, a taxa de poupança cresceu no ano passado, chegando ao maior nível em cinco anos (15% do PIB), impulsionada pelo pagamento do auxílio emergencial e às restrições ao consumo impostas pela pandemia.
Já o crédito foi alavancado por iniciativas de expansão da liquidez, provisão de garantias e programas do governo, e também apresentou alta robusta no ano passado.
Para a SPE, o fato de a queda do emprego ter se dado principalmente no mercado informal, enquanto as vagas formais foram em boa medida protegidas por programa do governo que autorizou a suspensão de contratos e redução de salários e jornadas, é outra vantagem frente a outras crises.
"A preservação de postos formais significou preservação de empregos mais produtivos e de melhor qualidade –e, portanto, de capacidade potencial de produção, que poderá significar uma retomada mais forte", disse a SPE. "E, dada a maior flexibilidade do setor informal, a retomada dos empregos nesse setor também deverá ocorrer mais rapidamente."
A secretaria divulgará na terça-feira uma atualização das suas projeções para o Produto Interno Bruto e a inflação. As estimativas mais recentes da secretaria, divulgadas em novembro, apontam para um crescimento de 3,2% este ano, com IPCA de 3,23%.
(Por Isabel Versiani)