SÃO PAULO (Reuters) - O Comitê de Política Monetária do Banco Central manteve nesta quarta-feira, em decisão unânime, a taxa de juros básica da economia em 14,25 por cento, por entender que a inflação ainda está muito alta para permitir um corte dos juros.
No comunicado, o Copom reconheceu avanços na política de combate à inflação, mas ponderou que a elevada inflação em 12 meses e as expectativas para a inflação ainda distantes da meta "não oferecem espaço para a flexibilização da política monetária".
Esta foi a primeira vez desde outubro do ano passado que o Copom tomou uma decisão unânime.
Veja abaixo comentários sobre a decisão:
ZEINA LATIF, ECONOMISTA-CHEFE, XP INVESTIMENTOS
"A decisão veio sem novidades, mas o comunicado foi 'dovish'. O BC citar no comunicado que não é o hora de cortar juros pode levar à leitura de que a próxima reunião vai ser o momento."
"O comunicado não necessariamente significa corte na próxima (reunião), mas o mercado pode ler dessa forma porque se ele fala isso quer dizer que houve a discussão de cortar juros."
"A reunião passada teve dissenso com alta (dois diretores votaram pela elevação da Selic)... Em um mês e meio já dá para ter tantos sinais melhores? Ainda tem muita incerteza, o BC poderia ter feito um comunicado mais conservador."
ANDRÉ PERFEITO, ECONOMISTA-CHEFE, GRADUAL INVESTIMENTOS
"Foi surpreendente a unanimidade. Eu imaginava que teriam alguns diretores pensando numa alta da taxa de juro por conta da política fiscal ainda frouxa. Mas não vou mudar meu cenário de corte de juro só em outubro. Enquanto a inflação de 2016 não cair para dentro da meta, eles não devem cortar a taxa de juro. Isso deve demorar mais um pouco ainda."
PEDRO TUESTA, ECONOMISTA SÊNIOR PARA A AMÉRICA LATINA, 4CAST
"A decisão unânime e o tom do comunicado, além dos comentários que estão sendo feitos pelo provável novo governo, irão aumentar as apostas no corte de juros já em julho. Estamos alterando nossa previsão (de baixa) para agosto ante outubro."
(Reportagem de Silvio Cascione e Flávia Bohone)