Por Gabriela Baczynska
BRUXELAS (Reuters) - A União Europeia refutou tacitamente o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, nesta segunda-feira no tocante às restrições de viagens impostas pelo norte-americano, mas diplomatas disseram que uma crítica mais contundente é improvável devido às divisões internas entre os países-membros do bloco.
Na ação mais abrangente que adotou desde que assumiu no dia 20 de janeiro, Trump aprovou na sexta-feira uma proibição de quatro meses à entrada de refugiados nos EUA e sustou temporariamente o ingresso de viajantes da Síria e de seis outros países de maioria muçulmana.
A medida, que fez com que moradores legais também fossem rejeitados em aeroportos, atraiu críticas severas de grupos de direitos humanos, líderes estrangeiros e outros.
A representante de política externa da UE, a italiana Federica Mogherini, disse que a Europa irá continuar a trabalhar estreitamente com países de todo o mundo muçulmano e ajudar os refugiados da região.
"Na Europa, temos uma história que nos ensinou que... você pode acabar em uma prisão se construir muros ao seu redor", disse Mogherini quando indagada sobre a ação de Trump.
"A UE irá continuar a trabalhar... com todos os países da região independentemente de sua religião."
A proibição de Trump atinge cidadãos de Síria, Iraque, Irã, Líbia, Somália, Sudão e Iêmen. Ele afirma que a restrição irá ajudar a manter os norte-americanos em segurança e citou ataques recentes de militantes islâmicos em vários países europeus.
O porta-voz da Comissão Europeia disse que advogados estão analisando o decreto presidencial de imigração de Trump para saber se ele irá afetar os europeus, acrescentando que isso ainda não está claro.
"Esta é a União Europeia, e na União Europeia não discriminamos com base em nacionalidade, raça ou religião", disse Margaritis Schinas.
Mas obter um consenso a respeito das restrições de viagens de Trump entre os 28 integrantes da UE provavelmente se mostrará difícil, especialmente devido à ascensão de partidos de extrema direita e antimuçulmanos na França, na Holanda e em outras partes.
A velocidade dos anúncios do mandatário desde que tomou posse e seu uso do Twitter para se comunicar diretamente com seus apoiadores também pegaram a UE no contrapé, dada a lentidão de seus processos de tomada de decisão.
"Mesmo se chegarmos a uma posição em comum, existe um grupo de Estados da UE que não assinaria nada muito crítico aos Estados Unidos", disse um diplomata em Bruxelas.
Embora algumas autoridades e cidadãos da UE vejam a proibição de Trump como discriminatória e xenófoba, atualmente o bloco também está trabalhando para conter o fluxo de imigrantes e refugiados que aportam em seu território em reação à chegada descontrolada de cerca de 1,5 milhão de pessoas entre 2015 e 2016.
(Reportagem adicional de Alastair Macdonald e Philip Blenkinsop)