Madri, 15 fev (EFE).- Durante o curto período no poder de Pedro Sánchez, que nesta sexta-feira convocou eleições antecipadas, o governo da Espanha promoveu em nove meses as relações com a América Latina e reforçou a presença na União Europeia (UE), especialmente com uma visão migratória parecida com a da chanceler da Alemanha, Angela Merkel.
Sánchez anunciou eleições para o dia 28 de abril, encerrando uma gestão que, desde que ele assumiu o governo, em junho de 2018, definiu como "europeísta", com a UE como o espaço no qual "fortalecer a Espanha".
Como prova disso, Sánchez colocou o ex-presidente do Parlamento Europeu (PE) Josep Borrell à frente do Ministério das Relações Exteriores, e, como ministra da Economia, Nadia Calviño, que até então era diretora-geral da Direção de Orçamentos da Comissão Europeia em Bruxelas.
Nestes nove meses, Sánchez teve uma intensa agenda internacional, em muitos casos para tomar decisões no campo migratório, como o recebimento dos 630 imigrantes do navio Aquarius. Com isso, colocou a Espanha entre os países que apostavam em fazer com que a Europa adotasse decisões conjuntas e eficazes em relação a esse desafio e frente a governos populistas.
Como aliados preferenciais, Sánchez contou com o presidente da França, Emmanuel Macron, e a chanceler alemã, com quem chegou a passar um fim de semana em sua residência de verão no sul da Espanha, em agosto.
Uma prioridade do líder socialista foi a potencialização das relações com América Latina, região na qual o governo considerava que se tinha gerado um "déficit" de presença espanhola.
Em sua primeira viagem para fora da Europa, Sánchez apoiou as empresas espanholas na Colômbia e as negociações de paz entre o governo do país sul-americano e a guerrilha do Exército de Libertação Nacional (ELN).
Em menos de nove meses, Sánchez viajou cinco vezes à América Latina, com passagens também por Chile, Bolívia, Costa Rica, Guatemala (para a Cúpula Ibero-americana), Cuba, Argentina (cúpula do G20), República Dominicana e México.
Outra questão chave na região foi a Venezuela, onde o chefe do governo espanhol desempenhou um papel-chave na formulação do ultimato que os principais países da UE deram a Nicolás Maduro para que convocasse eleições presidenciais, livres e democráticas em um prazo de oito dias. Caso contrário, esses países reconheceriam Juan Guaidó como presidente interino, o que por fim ocorreu no último dia 4.
Em novembro, Pedro Sánchez fez uma visita oficial a Cuba, a primeira de um chefe do governo espanhol ao país em 32 anos. A viagem teve um caráter econômico, já que mais de 20 presidentes e altos executivos de empresas espanholas o acompanharam para tentar aproveitar a paulatina abertura econômica iniciada pela ilha na última década para atrair investimento estrangeiro.
Pouco depois, o governante espanhol foi à Argentina para participar da cúpula do G20. Além de se reunir com o presidente argentino, Mauricio Macri, Sánchez aproveitou a ocasião para manter contato com personalidades das áreas política e econômica com as quais ainda não tinha se encontrado, como o primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, e a diretora do Fundo Monetário Internacional, Christine Lagarde.
Além de cumprir uma extensa agenda no exterior, o presidente do governo espanhol recebeu em Madri vários políticos de outros países, entre eles o presidente da China, Xi Jinping.