Por Luana Maria Benedito
SÃO PAULO (Reuters) - O BNP Paribas (PA:BNPP) espera que o Banco Central eleve a taxa básica de juros a 10% ao ano em 2022, de forma a segurar as expectativas de altas dos preços, projetando ainda que inflação ao consumidor saltará 9% em 2021.
Segundo revisão de cenário trimestral, o credor francês espera que a taxa Selic encerre 2021 em 9,0% ao ano e chegue aos 10% em 2022. A expectativa anterior do banco, publicada em junho, era de que os juros básicos ficariam em 6,5% neste ano e em 7,5% no próximo. A meta Selic está em 5,25%.
"Nosso cenário é de que o Banco Central deveria levar a Selic a 10%", disse Gustavo Arruda, economista-chefe e responsável pela área de pesquisa econômica do BNP Paribas para a América Latina, em entrevista à imprensa.
"Ficaríamos mais confortáveis se o BC acelerasse a convergência dos juros para níveis mais altos. Se o ciclo monetário demorar para trazer as expectativas (de inflação) para baixo, pode acabar acomodando o patamar de inflação de volta em algo em torno de 4,50%", explicou.
A meta de inflação para 2021 é de 3,75%, caindo para 3,5% em 2022 --nos dois casos a margem de tolerância é de 1,5 ponto percentual, para mais ou para menos.
Para o BNP, o ideal seria que a autarquia adotasse elevação mais intensa dos juros já na reunião de política monetária da semana que vem: "Chegamos a apostar em alta de 150 pontos-base, mas o BC teve comunicação recente indicando que tem intenção (de aperto) menor", disse Arruda.
Na terça-feira, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, disse que a instituição levará a Selic para onde for necessário, mas não vai alterar seu plano de voo a cada número de alta frequência que sair. A declaração foi interpretada no mercado como sinalização de acréscimo de 1 ponto percentual do juro ao fim do encontro do Comitê de Política Monetária (Copom) dos próximos dias 21 e 22.
A projeção de Selic de dois dígitos pelo BNP veio acompanhada de aposta em inflação nas alturas em 2021, com o banco elevando sua expectativa para a alta do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) a 9,0%, ante 6,5% na revisão de cenário divulgada em junho.
Para 2022, o BNP espera que o IPCA suba 4,5%, contra previsão anterior de 4,0%.
Ao mesmo tempo que elevou as estimativas para juros e inflação, o banco francês baixou suas projeções de alta do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil neste ano e no próximo, a 5,0% e 1,5%, respectivamente. Antes, o BNP esperava crescimento de 5,5% em 2021 e 3,0% em 2022.