Por Marcela Ayres
BRASÍLIA (Reuters) - O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou nesta sexta-feira ser perfeitamente possível colocar a inflação na meta em 2022, reiterando que a autoridade monetária fará o que for necessário para tanto.
"É perfeitamente possível fazer o trabalho, a menos que outros choques aconteçam, com esse ritmo que estamos mantendo", disse ele, em evento online promovido pelo banco Goldman Sachs (NYSE:GS) (SA:GSGI34).
"É importante enfatizar que nossa meta é 2022 e faremos o que for preciso para colocar a inflação na meta nesse horizonte", acrescentou.
O BC tem dado indicações de que prosseguirá com o ritmo de alta de 1 ponto nos juros em sua próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), que acontece no fim deste mês. Desde março, quando iniciou o ciclo de aperto, o BC já subiu a Selic em 4,25 pontos, ao patamar atual de 6,25% ao ano.
A sinalização da autoridade monetária é de que será necessário levar a taxa de juros para patamar "significativamente contracionista" --que atua no sentido de desaquecer a economia-- para domar as persistentes pressões inflacionárias.
Segundo Campos Neto, a manutenção do ritmo de subida nos juros dá ao BC tempo para analisar o cenário em meio a incertezas que se colocam à frente.
"Vemos que o melhor jeito de atuar é manter o ritmo, entendendo que a (taxa) terminal é o mais importante e o tempo que ganhamos é muito valioso para conseguirmos decifrar as informações no curto prazo e também para entendermos como essa transmissão está acontecendo na curva de juros e como as expectativas estão se comportando", disse.
Em Washington para participar de reuniões do FMI (Fundo Monetário Internacional), Campos Neto afirmou ter observado, a partir desses encontros, que há questionamento global sobre o que está acontecendo com a demanda por bens, por que está havendo esse deslocamento de maior procura por esses produtos e o quanto disso é apenas uma consequência dos recursos que ficaram disponíveis a partir de programas de transferência de renda.
O quanto houve de mudança estrutural e o quão persistente é esse movimento relacionado a bens são fatores que devem ter implicações para a normalização da política monetária, em termos globais, afirmou ele.
Segundo Campos Neto, o crescimento da China também é outro tópico que está sendo abordado nas conversas, especialmente quanto ao impacto para economias emergentes de uma desaceleração econômica do gigante asiático.