Por Camila Moreira
SÃO PAULO (Reuters) - O volume de novos trabalhos de serviços no Brasil voltou a crescer em agosto, diante da retomada da atividade de mercado, mas ainda não de forma suficiente para tirar o setor do território de contração, de acordo com dados do Índice de Gerentes de Compras (PMI, na sigla em inglês) divulgado nesta quinta-feira.
O PMI de serviços brasileiro subiu a 49,5 em agosto, de 42,5 em julho, aproximando-se da marca de 50 que separa crescimento de contração e marcando a melhor leitura desde fevereiro.
Mas, como permaneceu abaixo de 50, o índice indica que o setor de serviços engatou o sexto mês consecutivo de retração.
Enquanto o setor continua a mostrar dificuldades de recuperação, a indústria deu um salto em agosto com o volume de produção e a demanda atingindo níveis recordes.
Com isso, o PMI Composto voltou a mostrar crescimento do setor privado brasileiro pela primeira vez desde fevereiro ao chegar a 53,9, de 47,3 em julho.
"Devido ao impacto mais severo da pandemia na economia de serviços do que no setor industrial, provavelmente não é surpresa ver o setor de serviços continuar a perder terreno para o desempenho dos produtores de mercadorias, mas a ligeira queda de agosto na atividade do setor de serviços é, ainda assim, decepcionante", avaliou o diretor de economia do IHS Markit, Paul Smith.
"(Mas) um crescimento no volume de novos negócios, embora modesto, traz um pouco de esperança para o futuro...Será necessário que isso se repita para que a economia de serviços passe por uma verdadeira recuperação nos próximos meses", completou.
De acordo com o levantamento do IHS Markit, as empresas fornecedoras de serviços continuaram a relatar pressão sobre a atividade da pandemia de coronavírus, com algumas unidades sendo fechadas devido a níveis baixos de entrada de novos negócios.
Ainda assim, houve indicações de melhora na demanda, e os níveis de novos trabalhos aumentaram pela primeira vez em seis meses em agosto, com flexibilização das medidas de contenção do vírus.
Entretanto, os ganhos foram impulsionados por clientes nacionais, com os fornecedores de serviços indicando outra deterioração acentuada nas novas vendas para exportação. A pesquisa mostra que a demanda externa diminui há oito meses consecutivos.
Apesar do aumento na carga de trabalho, os cortes de emprego continuaram em agosto pelo sexto mês, diante da tentativa de redução dos custos pelas empresas. Embora os cortes tenham atingido o ponto mais baixo nesta sequência, a taxa foi acentuada.
Entre os fatores para o aumento dos custos, as empresas citaram a inflação de preços de insumos --que chegou a uma máxima em cinco meses em agosto. Houve relatos de preços mais elevados pagos por equipamentos de proteção pessoal e por produtos de limpeza.
Contudo, as tentativas de repassar o aumento de custos aos clientes foram em geral frustradas, devido a pressões competitivas, a negociações por parte dos clientes para reduzir preços e ao clima de negócios desafiador.
Em relação às perspectivas para os próximos 12 meses, quase 50% dos entrevistados da pesquisa esperam um crescimento na atividade em relação aos níveis atuais. Isso ajudou a aumentar a confiança das empresas ao nível mais elevado desde fevereiro.