BRASÍLIA/SÃO PAULO (Reuters) - A dívida bruta do país voltou a cair em junho, sob o impacto do aumento do PIB nominal e da valorização cambial, e atingiu 84% do Produto Interno Bruto, menor patamar desde junho do ano passado (83,6%), mostraram dados do Banco Central divulgados nesta sexta-feira.
Foi o quarto mês consecutivo de recuo do indicador. Em maio, a dívida bruta estava em 84,6%.
A dívida líquida do país como proporção do PIB, por outro lado, aumentou 1,1 ponto percentual em junho, somando 60,9%. Nesse caso, a valorização do real frente ao dólar contribui para aumentar a relação porque reduz o valor em reais das reservas internacionais.
O recuo da dívida bruta se deu a despeito de o setor público consolidado brasileiro ter registrado déficit primário no mês, de 65,508 bilhões de reais, com o rombo em 12 meses passando a 3,81% do Produto Interno Bruto (PIB).
Pesquisa da Reuters apontava que a expectativa era de um saldo negativo menor, de 60,0 bilhões de reais para o mês.
No mês, o governo central registrou déficit primário de 75,083 bilhões de reais, enquanto os governos regionais e as empresas estatais apresentaram superávits respectivamente de 8,391 bilhões de reais e 1,183 bilhão de reais.
Considerando também as despesas com juros, o déficit do setor público atingiu 75,595 bilhões de reais em junho, ante um déficit nominal de 210,161 bilhões de reais no mesmo mês de 2020, quando as despesas do governo com medidas de enfrentamento à pandemia foram muito mais elevadas.
O aumento do PIB nominal que está por trás do recuo da dívida este ano reflete tanto a retomada da atividade como o aumento da inflação embutida no cálculo do dado estimado para o PIB. O BC já alertou que o país só consolidará uma tendência de longo prazo de redução do endividamento a partir do equilíbrio das contas públicas.
(Por Isabel Versiani)