Por Alexandre Alper, Marcela Ayres e Marcelo Rochabrun
WASHINGTON/BRASÍLIA/SÃO PAULO, 30 Jul (Reuters) - O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse nesta terça-feira que buscará um acordo de comércio com o Brasil, sugerindo que um relacionamento amigável com o presidente Jair Bolsonaro poderia ajudar a reduzir as barreiras comerciais entre as duas maiores economias das Américas.
"Vamos trabalhar em um acordo de livre comércio com o Brasil", disse Trump a jornalistas na Casa Branca, sem dar detalhes.
Trump levantou a possibilidade de um acordo comercial enquanto o secretário de Comércio dos EUA, Wilbur Ross, se dirigia a líderes empresariais em São Paulo antes de uma reunião com Bolsonaro em Brasília, na quarta-feira.
Os Estados Unidos e o Brasil, que trocaram mais de 100 bilhões de dólares em bens e serviços no ano passado, se aproximaram desde que Bolsonaro assumiu o cargo em janeiro, depois que a campanha do ex-capitão do Exército teve a de Trump como modelo.
"O Brasil é um grande parceiro comercial. Eles cobram um monte de tarifas, mas para além disso nós amamos o relacionamento", disse Trump a repórteres, citando o que chamou de ótimo relacionamento com o Brasil e elogiando Bolsonaro.
O secretário especial de Comércio Exterior e Assuntos Internacionais do Ministério da Economia, Marcos Troyjo, disse à Reuters que o Brasil tem um objetivo ambicioso na sua relação com os Estados Unidos a fim de facilitar o comércio e aumentar o investimento entre os dois países, especialmente em infraestrutura. [nL2N24V0ZV]
Mas o secretário lembrou que, pelo fato de o país integrar o Mercosul --uma união aduaneira--, uma discussão sobre acordo comercial envolvendo tarifas tem que ser feita entre o bloco e os EUA.
Já o secretário de Comércio dos EUA disse que o acordo comercial entre Mercosul e União Europeia (UE), fechado no começo do mês passado, deve evitar "pílulas de veneno" que obstruiriam um possível acordo norte-americano.
"É importante não colocar barreiras no caminho de um acordo de livre comércio entre os EUA e o Brasil que inadvertidamente possam ser criadas na transação entre o Mercosul e a UE", disse Ross a jornalistas em São Paulo. "Temos questões sobre padrões em automóveis, produtos farmacêuticos, produtos químicos, alimentos e várias áreas."
Os setores agrícolas no Brasil e nos Estados Unidos já enfrentaram desacordos, incluindo uma disputa sobre os subsídios ao algodão solucionados na Organização Mundial do Comércio (OMC) em 2014.
Os Estados Unidos ameaçaram impor tarifas sobre aço e alumínio do Brasil e de vários outros países no ano passado, como parte da agenda "América Primeiro" de Trump, antes de concederem isenção permanente ao Brasil.
Neste ano, os brasileiros pressionaram por um maior acesso ao mercado de açúcar dos EUA enquanto negociavam uma potencial extensão de suas próprias restrições às importações de etanol dos EUA.
O Brasil também pressionou as autoridades norte-americanas para suspender a proibição de 2017 de novas importações de carne bovina brasileira.