Por Jeff Mason e Yawen Chen
WASHINGTON/PEQUIM (Reuters) - As negociações comerciais entre Estados Unidos e China estão "indo muito bem", disse o presidente dos EUA, Donald Trump, nesta quinta-feira, adotando tom otimista mesmo quando as autoridades chinesas mantiveram a defesa de que as tarifas existentes devem ser eliminadas como parte de um acordo provisório para amenizar a guerra comercial de 17 meses entre as duas potências.
"Está indo muito bem", disse Trump a repórteres quando questionado sobre as negociações, em uma repetição de comentários feitos na quarta-feira. No início da semana, porém, Trump abalou os mercados globais quando disse que um acordo podia ter de esperar até depois das eleições de 2020.
Suas declarações vieram depois que as autoridades chinesas reiteraram sua posição de que algumas tarifas norte-americanas devem ser revertidas para uma fase um do acordo.
"O lado chinês acredita que, se os dois lados chegarem a um acordo na fase um, as tarifas devem ser reduzidas de acordo", disse o porta-voz do Ministério do Comércio da China, Gao Feng, a jornalistas, acrescentando que os dois lados mantêm uma comunicação próxima.
O secretário do Tesouro dos EUA, Steven Mnuchin, disse que negociadores dos dois países conversaram por telefone na quarta-feira e estão "trabalhando ativamente" para um acordo. Ele disse que as negociações estão a caminho, mas que os EUA não estão vinculados a um prazo "arbitrário".
A conclusão da fase um de um acordo entre as duas maiores economias do mundo era esperada inicialmente para novembro, antes de uma nova rodada de tarifas norte-americana prevista para começar em 15 de dezembro, cobrindo cerca de 156 bilhões de dólares em importações chinesas.
Questionado se ele permitirá que essas tarifas entrem em vigor, Trump disse: "Teremos que ver, mas agora estamos seguindo em frente. Não estamos discutindo isso, mas estamos tendo discussões muito importantes. Em 15 de dezembro, algo poderia acontecer, mas ainda não estamos discutindo isso. No entanto, estamos tendo discussões muito boas com a China ".
Os comentários de Trump e Mnuchin pouco contribuíram para acalmar Wall Street, onde as ações se mexeram pouco à medida que os participantes do mercado ficavam à margem, aguardando novos desenvolvimentos nas negociações comerciais. Todos os três principais índices estavam ligeiramente mais altos no final das negociações.
As delegações comerciais de ambos os lados continuaram presas em discussões sobre "questões centrais de preocupação", com tensões bilaterais crescentes sobre questões não comerciais, como os protestos em Hong Kong e o tratamento de Pequim à sua minoria muçulmana uigur, obscurecendo as perspectivas de um acordo de curto prazo dar fim à guerra comercial.
A China alertou na quarta-feira que a legislação dos EUA que pede uma resposta mais dura ao tratamento dos uigures por Pequim na região chinesa de Xinjiang irá afetar a cooperação bilateral.
Mas "não há necessidade de entrar em pânico", já que as negociações comerciais não pararam, disse à Reuters na quarta-feira uma fonte chinesa que assessora Pequim nas negociações.
(Por Jeff Mason)