SÃO PAULO/CUIABÁ (Reuters) - A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) negociou nesta quinta-feira 100 por cento dos 7.400 contratos de opção de venda de milho ao governo, em um volume equivalente a cerca de 200 mil toneladas, em operações que marcam o início do apoio do governo federal aos produtores de Mato Grosso, que lidam com preços baixos diante da expectativa de uma safra recorde.
O ágio para a disputa dos contratos em leilão da Conab foi elevado, de 91,18 por cento, mostrando o interesse dos agricultores do principal Estado produtor de grãos do Brasil, onde as cotações estão abaixo do mínimo estabelecido pelo governo.
Nos contratos de opção, os produtores terão até o dia 11 de setembro deste ano para confirmar que exercerão o direito de venda do produto à Conab pelo valor de 17,87 reais por saca de 60 kg do milho das safras 2016/17 e 2017.
Em algumas regiões de Mato Grosso, os preços estão abaixo do mínimo de garantia do governo, de 16,50 reais.
Além do leilão de opções, produtores rurais negociaram nesta quinta-feira 82 por cento dos contratos de subvenção ao mercado de milho oferecidos pelo governo, em um leilão de prêmios conhecidos como Pepro, em que a equalização é paga aos agricultores ou a cooperativas.
No total, haviam sido ofertados, neste primeiro leilão do gênero nesta temporada, prêmios para 200 mil toneladas do cereal. O governo negociou 164,1 mil toneladas com Pepro, em uma operação que movimentou 7,8 milhões de reais.
A operação, que deverá ajudar na liquidez de um mercado que está virtualmente paralisado, costuma impulsionar as exportações do Brasil.
"Os leilões são importantes, pois o mercado de milho está muito desaquecido. Os leilões permitem que o mercado volte a se movimentar", afirmou o gerente de política agrícola da associação do setor Aprosoja, Frederico Azevedo e Silva.
Mas o gerente ponderou que o prêmio em algumas regiões pode não remunerar o produtor adequadamente.
Em um outro leilão semelhante, mas de Pep (Prêmio para o Escoamento), no qual a subvenção é paga ao comprador do milho, houve apenas 9,6 por cento de negociação do volume ofertado inicialmente, de 200 mil toneladas.
"O resultado do leilão de PEP pode indicar que os prêmios ficaram baixos em relação à expectativa de comercialização que existia", afirmou Silva.
Ele disse esperar que o governo promova outros leilões de opções, Pep e Pepro "num espaço curto para que o produtor possa ser remunerado pela atividade dele".
O governo federal anunciou anteriormente 800 milhões de reais para mecanismos de apoio aos produtores de milho, o que indica novos leilões em breve.
(Por Gustavo Bonato e Roberto Samora em São Paulo e Ana Mano em Cuiabá; Edição de Luciano Costa e Marta Nogueira)