Por Rodrigo Viga Gaier e Camila Moreira
RIO DE JANEIRO/SÃO PAULO (Reuters) - As vendas no varejo brasileiro tiveram queda inesperada em agosto e registraram o pior resultado para o mês em dois anos, com perdas generalizadas no setor, mas em movimento pontual que não deve prejudicar a recuperação do setor.
Em agosto as vendas varejistas recuaram 0,5 por cento, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quarta-feira, após estabilidade em julho e alta nos três meses anteriores.
É o resultado mais fraco para agosto desde 2015, quando caiu 0,6 por cento, e a leitura foi bem pior do que a expectativa em pesquisa da Reuters de alta de 0,2 por cento.
Sobre o mesmo mês de 2016, as vendas apresentaram alta de 3,6 por cento, também abaixo da expectativa de avanço de 4,5 por cento mas no melhor resultado desde maio de 2014 (+4,6 por cento).
"A queda de agosto é mais uma acomodação. Mais parece um ajuste depois de altas do que uma reversão de tendência para o setor varejista", afirmou a gerente do IBGE Isabella Nunes.
De acordo com o IBGE, sete das oito atividades pesquisadas apresentaram recuo nas vendas, sendo a mais forte em equipamentos e material para escritório, informática e comunicação, de 6,7 por cento.
As vendas de combustíveis e lubrificantes recuaram 2,9 por cento no mês. Em agosto, os preços dos combustíveis aumentaram 6,67 por cento, em meio a 19 reajustes de preços da gasolina dentro da nova política da Petrobras (SA:PETR4), apontou o IBGE ao divulgar os dados de inflação daquele mês.
Já as vendas de hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo caíram 0,3 por cento em agosto sobre julho.
A única atividade a registrar aumento nas vendas foi a de móveis e eletrodomésticos, de 1,7 por cento, no quarto mês seguido de ganhos.
"A atividade que tem desempenho melhor é aquela que tem a ver com a queda de juros, com a disponibilidade do FGTS e com a inflação menor", completou Isabella.
O varejo ampliado, que inclui veículos e material de construção, subiu 0,1 por cento em relação a julho, influenciado tanto pela alta de 2,8 por cento em veículos e motos, partes e peças, quanto pelo avanço de 1,8 por cento nas vendas de material de construção.
O resultado do varejo acompanhou o da indústria em agosto, que interrompeu quatro meses seguidos de alta porém em movimento que também não tende a atrapalhar o ritmo de recuperação do setor.
O ambiente de inflação e juros baixos no país favorecem o comércio, aliado recentemente à melhora do mercado de trabalho, o que dá base para a recuperação da economia após a recessão que afetou o país.
Em setembro, a confiança do consumidor brasileiro apurada pela Fundação Getulio Vargas voltou a avançar após três quedas seguidas, diante da melhora da percepção sobre o mercado de trabalho.