Por Camila Moreira e Rodrigo Viga Gaier
SÃO PAULO/RIO DE JANEIRO (Reuters) - As vendas de supermercados e artigos farmacêuticos limitaram as perdas do varejo brasileiro em março, diante dos danos provocados pelas medidas de combate ao coronavírus.
O fechamento de lojas e comércio resultou em queda de 2,5% nas vendas varejistas em março na comparação com o mês anterior, de acordo com os dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Entretanto, os setores considerados essenciais durante o período de isolamento social evitaram uma queda tão acentuada como a expectativa de recuo de 7,7% em pesquisa da Reuters.
Ainda assim, esse foi o pior resultado para março desde a queda de 2,7% vista e março de 2003, e com esses dados o primeiro trimestre terminou com perdas de 2% sobre os três últimos meses de 2019.
Na comparação com o mesmo mês do ano anterior, as vendas perderam 1,2%, primeira queda após 11 meses consecutivos positivos, ante expectativa de recuo de 6% nessa base de comparação.
Entretanto, o fechamento de lojas físicas levou a perdas nas seis outras atividades pesquisadas. E as incertezas em torno dos impactos da pandemia sobre a economia e o mercado de trabalho --com demissões e reduções de salários-- ajudam a refrear o consumo.
"Há uma clareza de que a pandemia e o isolamento social já tiveram um expressivo reflexo no resultado de março", disse o gerente da pesquisa, Cristiano Santos. "As atividades negativas refletem exatamente aqueles setores afetados por medidas de restrição e isolamento, especialmente a partir da segunda metade de março."
Segundo ele, do total de 36,7 mil empresas consultadas, 14,5% registraram o impacto da Covid-19 como principal causa de variação das suas receitas.
As vendas de Tecidos, vestuário e calçados caíram 42,2%, as de Livros, jornais, revistas e papelaria despencaram 36,1%, e as de Outros artigos de uso pessoal e doméstico caíram 27,4%.
Também apresentaram perdas Móveis e eletrodomésticos (-25,9%), Equipamentos e material para escritório, informática e comunicação (-14,2%), Combustíveis e lubrificantes (-12,5%).
SUPERMERCADOS
Por outro lado, as vendas de Hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo dispararam 14,6%, enquanto as de Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos subiram 1,3% em março frente a fevereiro.
O setor de hiper e supermercados, de acordo com o IBGE, tem uma participação expressiva no comércio, que cresceu ainda mais em março.
"No mês passado estava abaixo de 50%, em março saltou para 55% no peso no varejo e isso faz com que o índice tenha sido segurado por essa atividade", explicou Santos. "(O salto da atividade) reflete a quarentena e a substituição de compras de outras atividades por compras nos mercados, que têm além de alimentos e produtos de informática, móveis e livros e acabaram absorvendo."
No varejo ampliado, que inclui veículos e material de construção, houve recuo de 13,7% no volume de vendas em março, queda mais intensa desde o início da série 2003.
As vendas de Veículos e motos, partes e peças recuaram 36,4%, enquanto as de Material de Construção caíram 17,1%.